Filme ‘O Gringo’ passa a limpo a carreira de Petkovic
Nos 10 anos do gol do tricampeonato carioca, craque sérvio lança filme sobre sua vida em festival de cinema
“Quem é esportista sabe que às vezes é difícil contar até 10 quando a pulsação está a 200 por hora”
Há exatos 10 anos, um gol de falta transformou o sérvio Dejan Petkovic em ídolo eterno de uma nação de 38 milhões de torcedores – bem mais do que os cerca de 10 milhões de habitantes do seu país natal. Em meio às comemorações da façanha, está sendo lançado o documentário O Gringo, que foi exibido para convidados, na noite de quinta-feira, num cinema da Zona Sul do Rio de Janeiro. O filme abriu a segunda edição do Festival de Cinema de Futebol, o Cinefoot.
Aos 38 anos, Pet anunciou recentemente sua despedida dos gramados. Será no dia 5 de junho, no clássico contra o Corinthians, no Engenhão. É o fim de uma carreira que lhe rendeu a fama de gênio e genioso. E, durante o evento, Pet mostrou que continua sendo o Pet de sempre. Bastou uma falha no áudio do filme para tirar o jogador do sério e deflagrar um rompante perfeccionista.
“Se o áudio não voltar em cinco minutos, não terá filme. Vocês merecem o melhor. Quero o áudio em 5.1. E assumo a responsabilidade porque eu sou o maior responsável por esse projeto”, disparou, provocando constrangimento com a organização do festival.
Para sorte da plateia, composta por gente como a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, e o músico Ivan Lins, responsável pela trilha, o som voltou e a sessão prosseguiu. Momentos antes, em entrevista coletiva, Pet tinha admitido que corre sangue quente em suas veias.
“Eu era marrento para o bem. Eu só queria ganhar. Você tem que ser agressivo dentro do campo. Tem que ter personalidade. Quem é esportista sabe que às vezes é difícil contar até 10 quando a pulsação está a 200 por hora e você quer muito ganhar, pelo compromisso com a sua família e com a sua camisa. Mas isso é dentro do campo. Fora dele, temos que cuidar da nossa imagem”, argumentou o craque.
Trata-se de um filme para todos que admiram o futebol arte, independente do time de coração. O filme, que é falado em português e em sérvio, passa a limpo a carreira de Pet, desde os tempos de Estrela Vermelha,em seu país natal, até o título de Campeão Brasileiro em 2009 com o Flamengo. Personalidades do futebol como Zico, Vanderlei Luxemburgo e Mário Jorge Lobo Zagallo prestam depoimentos elogiosos ao gringo. O Velho Lobo, aliás, chega a dizer que, se tivesse nascido por aqui, Pet certamente teria jogado pela Seleção Brasileira.
O documentário dá ênfase ao gol do tricampeonato estadual em 2001 e à conquista do Brasileirão de 2009, ambos pelo Flamengo. Mas o filme também exibe a trajetória de Pet nos rivais Vasco e Fluminense, inclusivando mostrando gols do craque contra o time da Gávea. Na coletiva, Pet fez questão de elogiar os líderes das torcidas organizadas de Flamengo, Fluminense e Vasco, que assistiram juntos à primeira sessão do filme. O jogador teve passagens pelos três clubes, mas foi no Flamengo que se consagrou.
Pet, que em sua terra natal também atende pela alcunha de Rambo, aproveitou o documentário para botar os inimigos na berlinda. Seus alvos foram: o técnico Fabio Capello, com quem teve uma relação conturbada em sua passagem pelo Real Madri; os dirigentes da seleção sérvia e até o governo dos Estados Unidos.
Durante a exibição, o clima era de estádio de futebol. Os espectadores/torcedores vibravam a cada drible ou gol de Pet, como se estivessem diante de uma transmissão ao vivo. Mas a última chance de ver o craque sérvio será mesmo no próximo dia 5, contra o Corinthians. Ele garante que não há risco de adiar a aposentadoria.