O goleiro Cássio ainda estava com os olhos vermelhos de sono quando apareceu na sala de imprensa do CT Joaquim Grava, na manhã desta segunda-feira, para conceder entrevistas. Ele foi o único jogador titular do Corinthians a trabalhar no dia seguinte à vitória por 3 a 0 sobre o Emelec, que classificou a equipe às quartas de final da Copa Libertadores da América.
‘Vim fazer um treinamento à parte, na região lombar, já que me machuquei no primeiro jogo contra o Emelec’, contou Cássio, com uma voz mansa, característica de quem começou a conquistar a torcida do Corinthians com uma extrema tranquilidade sob as traves. ‘Mas demorei a dormir depois do jogo. A adrenalina estava muito alta’, confessou.
Cássio raramente sentiu esse entusiasmo de disputar uma partida importante ao longo de sua carreira. Revelado pelo Grêmio, o goleiro com passagens pelas categorias de base da Seleção Brasileira seguiu para o futebol europeu antes mesmo de se tornar titular no clube gaúcho. Também não se firmou, contudo, quando defendeu PSV Eindhoven e Sparta Roterdã, ambos da Holanda.
‘Venho me preparando há muito tempo para jogar com mais frequência. O goleiro não sabe o momento que vai acontecer, mas precisa estar pronto. Felizmente, as coisas estão dando certo para mim agora’, comemorou Cássio, acostumando-se ao aumento da popularidade. ‘Na Holanda, era bem tranquilo. Os jogadores dificilmente davam entrevistas. Aqui, não. Existe o calor do jogo, a pressão…’, sorriu.
O novo goleiro titular do Corinthians conheceu ‘a pressão’ quando estava na reserva. Sua chance de jogar só surgiu porque Julio Cesar falhou contra a Ponte Preta, nas quartas de final do Campeonato Paulista, e foi bastante contestado. ‘Sinceramente, a saída do Julio também me pegou de surpresa. O time estava bem, com uma das melhores defesas, mas isso é o futebol. Todos estão sujeitos a sair’, comentou.
Cássio conta com alguns trunfos para não acabar com o mesmo destino do amigo e concorrente Julio Cesar. ‘Sempre fui muito tranquilo. Isso ajuda o time, e o pessoal está me dando apoio. O tempo que passei na Holanda também ajudou a crescer, a ficar mais concentrado. Sei que existe pressão no Corinthians, mas estou preparado’, avisou o goleiro de 1,95 m.