
Paris, 20 abr (EFE).- Ex-jogador e ex-treinador do Barcelona, o holandês Johan Cruyff concedeu entrevista ao jornal francês ‘L’Équipe’ em que comentou a fase atual da equipe catalã e recordou histórias do tempo em que dirigiu o time, de 1988 e 1996, em que comandou vários grandes jogadores, como Romário e Josep Guardiola.
Perguntado pelas boas lembranças da época como treinador do Barça, o holandês evocou uma relação muito especial com o ‘Baixinho’.
‘Uma vez, ele veio me perguntar se poderia faltar a dois dias de treinos para voltar ao Brasil. Deveria ser carnaval no Rio de Janeiro. Eu respondi: ‘se você fizer dois gols amanhã, te dou dois dias a mais de descanso que o restante da equipe’. No dia seguinte, ele marcou seu segundo gol com 20 minutos de jogo e imediatamente fez um gesto para mim pedindo para sair’, relatou ao suplemento semanal do ‘L’Équipe’, que neste sábado terá um especial sobre o Barcelona.
‘Ele me disse: ‘Treinador, meu avião sai em menos de uma hora”, completou Cruyff, que deixou que o atacante viajasse por ter cumprido a promessa.
O ídolo holandês afirmou também que alguns jogadores do atual elenco do Barça, como os meias Xavi e Iniesta, e o próprio técnico Josep Guardiola não teriam conseguido desenvolver a carreira em outro clube devido ao porte físico.
‘Alguém teria dito a eles, inclusive antes da idade adulta: ‘vocês não são suficientemente grandes e fortes para se transformarem em jogadores’. Nem sequer teriam tido a possibilidade de participar’, opinou.
Cruyff lembrou que quando esteve no comando do time espanhol, de 1988 a 1996, perguntou aos responsáveis do centro de formação de atletas qual era o melhor jogador com o qual contavam. Todos lhe responderam que era Guardiola, que era reserva da equipe B ou de titular da C porque era fisicamente muito fraco.
‘Tornei-o suplente do time principal e um ano depois ele era titular. A partir daí, os treinadores do Barça começaram a entender que o importante era a bola’, lembrou.
O ex-jogador exaltou o trabalho de Guardiola no banco da equipe catalã e considerou que o treinador melhorou o sistema que ele iniciou no século passado.
‘O que mais gosto dele é que ele vê as coisas antes que os outros. Ou os outros não as veem. Quem teria imaginado que Mascherano podia jogar como zagueiro central?’, comentou. EFE