Com Lochte e Blake, Jogos ganham em drama e suspense
Depois das seletivas do fim de junho, o favoritismo incontestável de Phelps e Bolt sumiu de vez. Agora, a perspectiva é de duelos memoráveis na Olimpíada
Nas seletivas olímpicas do atletismo jamaicano e da natação americana, os antigos azarões chegaram a superar os favoritos
A Olimpíada de Pequim, em 2008, conquistou um lugar de destaque na centenária história dos Jogos. Afinal, poucas edições do evento tiveram o privilégio de contar entre seus campeões não apenas um, mas dois superatletas, ambos responsáveis por façanhas quase inacreditáveis. Nos últimos quatro anos, a expectativa geral era de que Usain Bolt e Michael Phelps voltariam aos Jogos, desta vez em Londres, para repetir a dose, arrasando a concorrência, conquistando numerosas medalhas de ouro e quebrando mais recordes, para desespero dos outros atletas. Nas últimas semanas, porém, ficou claro que a Olimpíada de 2012 pode ser muito menos previsível. Os Jogos, que começam no fim do mês, ganharam mais dois astros – além de uma dose adicional de emoção. Nas piscinas, o inimigo de Phelps é Ryan Lochte. Nas pistas, o rival de Bolt é Yohan Blake.
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O progresso da dupla, claro, não tinha passado despercebida pelos especialistas em natação e no atletismo. Muitos já projetavam brigas boas entre os campeões e os dois perigosos desafiantes. Mas a imagem de Phelps e Bolt como fenômenos imbatíveis estava tão consolidada na cabeça dos torcedores que poucos acreditavam que as previsões de disputas acirradas com Lochte e Blake poderiam virar realidade. Há uma semana, no entanto, a cenário mudou radicalmente. Nas seletivas olímpicas do atletismo jamaicano e da natação americana, os antigos azarões chegaram a superar os favoritos. E a Olimpíada que serviria apenas para estender as marcas espetaculares de duas das maiores lendas dos Jogos se transformou, repentinamente, numa competição com muito mais drama e suspense. No quadro de medalhas, a mudança não fará grande diferença, já que as duas duplas de rivais defendem os mesmos países. Quem pretendia apostar nas conquistas individuais de Phelps e Bolt, contudo, vai precisar reexaminar suas previsões.
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Nas piscinas, Phelps, o maior papa-medalhas da história olímpica, com catorze ouros em duas edições dos Jogos, desistiu de tentar repetir Pequim, onde subiu oito vezes ao topo do pódio. Aos 27 anos, Phelps decidiu abrir mão de uma de suas provas para não se desgastar tanto – e conseguir competir melhor contra Ryan Lochte, que ganhou do supercampeão em duas corridas da seletiva. Phelps também ganhou duas provas de Lochte, empatando a disputa. “Nenhum dos dois quer perder. Vamos dar tudo o que podemos na água. As provas contra ele são emocionantes, e Ryan foi melhor que eu nos últimos dois anos”, admitiu Phelps. Lochte concordou: “Nos últimos quatro anos, eu fiquei muito mais rápido. Sei o que meu corpo é capaz de aguentar”. Sobre Phelps, não há qualquer sinal de medo no discurso de Lochte: “Eu já estou acostumado a competir contra ele”.
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Recuperação – Na última sexta, Usain Bolt anunciou que não correria mais nenhuma prova até a Olimpíada, sob a justificativa de que precisa se recuperar de lesões que tem atrapalhado seu desempenho. A decisão pode muito bem ser interpretada como um sinal de forte preocupação com o crescimento de Yohan Blake, companheiro de treinos de Bolt – e seu maior rival em Londres. Nas seletivas jamaicanas, Bolt perdeu duas vezes em dois dias, nos 100 e 200 metros rasos – provas em que é campeão e recordista olímpico e mundial. Bolt disse que sentia-se “fraco”, mas que esperava uma recuperação. “Preciso descobrir o que diz de errado e trabalhar para corrigir. Sou o campeão olímpico e preciso provar que sou o melhor, então espero dar a volta por cima. Apesar de buscar sua recuperação, Bolt tem incentivado Blake, de 22 anos. “Ele sempre me ajuda e diz para competir no nível máximo”, contou o desafiante. Bolt e Blake são os detentores das melhores marcas da história dos 200 metros – que Bolt diz ser sua especialidade.