Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Ciência também pode ajudar a ganhar disputa de pênaltis

Por Carl de Souza
25 jun 2012, 14h41

O Departamento de Esportes e da Saúde da Universidade britânica de Exter pôs em andamento uma experiência de treinamento ocular (“Quiet-Eye Training”) para tentar melhorar cientificamente as opções de se ganhar uma disputa de pênaltis numa partida de futebol.

Paradoxalmente, foi justamente a seleção inglesa de Roy Hodgson que viu escapar pelos dedos um grande torneio nos pênaltis, este domingo, em Kiev, quando perdeu para a Itália (4-2 após empate em 0-0), nas quartas-de-final da Eurocopa-2012.

As disputas de pênalti costumam ser consideradas “uma loteria” e o técnico italiano Cesare Prandelli afirmou, após a vitória de domingo, que em 80% dos casos a sorte entra em campo nestes casos.

Outros técnicos dizem ser impossível preparar uma disputa assim, pois o resultado depende de tranquilidade e instinto, mas Greg Wood, da Universidade de Exeter, acredita que outras variáveis também interferem.

Para ele, o treinamento, base de concentração e de resistência à pressão psicológica, está na essência de tudo. E por isso criou o treinamento dos olhos, em colaboração com seu colega, Mark Wilson.

Os dois obrigaram jogadores de sua universidade a olhar sistematicamente, durante várias semanas, os ângulos direito e esquerdo do gol, um e outro alternadamente, antes de cada chute de pênalti.

Resultado: seus alunos cometeram menos 50% de erros dos que os que não fizeram o exercício.

Continua após a publicidade

Segundo Wood, o treinamento permite aos estudantes ser mais precisos em seus chutes, em grande medida porque reduz a ansiedade e dá mais confiança ao controlar melhor as distâncias e manter a mente ocupada nos extremos do gol e não no goleiro.

Para Wood, o último recurso do goleiro em um pênalti, onde não há nada a perder, está em tentar romper a concentração do lançador, para desestabilizá-lo.

“Tudo o que um goleiro puder fazer para chamar a atenção do cobrador (uniforme ou luvas de cores vivas, por exemplo) joga a seu favor”, explica Wood.

“Por exemplo, quando a gente viaja de carro e se vê algo á esquerda, em seguida tem a tendência de girar o volante na mesma direção. É incrível o número de pênaltis chutados no centro, na direção do goleiro, poque ele tem tido êxito na sua tentativa de desestabilizar”, acrescentou o pesquisador universitário,.

Se o cobrador de um pênalti pudesse se isolar em uma bolha, com uma concentração total, então o fator que determinaria seu êxito ou seu fracasso seria a velocidade do chute.

Segundo matemáticos da Universidade John Moore de Liverpool, o pênalti perfeito deve ser chutado a uma velocidade compreendida entre 90 km/h e 104 km/h. Se for mais rápido, faltará precisão. Mais lentamente, dará tempo ao goleiro reagir.

Continua após a publicidade

A partir daí, os raciocínios científicos começam a encontrar limites.

Joe Hart, o goleiro inglês, tentou desestabilizar os jogadores italianos, captar seu olhar, fez caretas, movimentou os braços, tentou intimidar, mas seu time perdeu.

Do outro lado do campo, o italiano Gianluigi Buffon foi o herói da partida, defendendo o pênalti de Ashley Cole, e garantindo a classificação da ‘Azzurra’.

O ‘show’ de Hart tampouco serviu para deixar nervoso Andrea Pirlo, que conseguiu marcar de ‘cavadinha’, a uma velocidade sensivelmente inferior aos 100 km/h recomendados pelos cientistas de Exeter.

Por fim, a Itália se classificou, eliminando a Inglaterra, demonstrando que futebol e ciência nem sempre caminham de mãos dadas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.