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Cara de pau e preguiçoso, carteiro Jaiminho cativa fãs brasileiros

Por Da Redação
20 out 2011, 08h55

Em 1979, um carteiro idoso, de sorriso fácil e caráter bastante preguiçoso entrou na vila do Chaves com descaramento para pedir às crianças que fizessem o seu trabalho de entregar cartas. ‘Para evitar a fadiga’, como ele dizia. Características suficientes para Jaiminho, personagem interpretado pelo ator mexicano Raúl ‘Chato’ Padilla, ser idolatrado por brasileiros como os que compõem o Fã-Clube Chespirito Brasil.

O grupo é um dos principais entre os que reúnem admiradores da série mexicana. Além de encontros periódicos e discussões sobre episódios pela Internet, organiza eventos que já trouxeram ao Brasil alguns membros do programa. Em 2010, estiveram em São Paulo Carlos Villagrán, intérprete do Quico, e Edgar Vivar, o Seu Barriga, que voltou ao País neste ano em outra ação intermediada pelo fã-clube. O Chespirito Brasil mantém contato com os outros atores vivos do seriado e já juntou todos os dubladores brasileiros. Em 2012, promete ‘surpresas’.Para esses dedicados espectadores, o carteiro que se orgulha de nascer em Tangamandapio é especial. ‘Aquele tipão que se faz sempre de cansado, querendo evitar a fadiga, diverte e gera um fato curioso. Ele aparenta ser um carteiro com anos de experiência e você se pergunta como conseguiu se manter no emprego sendo tão preguiçoso. Ficou caracterizado pela sua dublagem, com uma voz muito marcante, com o carisma e a imagem de um velhinho querido por todos. Isso conquistou o público brasileiro’, opinou Eduardo Gouvêa Lousada, técnico em informática, carioca de 25 anos e presidente do Fã-Clube Chespirito Brasil.

Reprodução

A MORTE DE JAIMINHO, POR ROBERTO GÓMEZ BOLAÑOS

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Criador de ‘Chaves’ e intérprete do principal personagem do seriado, Roberto Gómez Bolaños introduziu o personagem ‘Jaiminho’ no programa em 1979, para suprir as saídas de Carlos Villagrán (Quico) e Ramón Valdez (Seu Madruga).

No livro ‘Diário do Chaves’, publicado pela primeira vez em 2005, Chespirito (‘pequeno Shakespeare’, como Bolaños foi apelidado) caracteriza Jaiminho dessa forma:

‘Ele disse que a vida toda foi carteiro. O chato é que, quando volta do trabalho, sempre chega à vila muito cansado. E o que mais o cansa é ter de andar empurrando a bicicleta, porque Jaiminho, o carteiro, não sabe andar de bicicleta. Mas ele não pode dizer que não sabe andar de bicicleta porque, se seus chefes soubessem disso, perderia o emprego de carteiro. E por isso chega tão cansado. Depois fica o dia todo cansado. E por isso não quer fazer nada: porque prefere evitar a fadiga’.

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Na mesma obra, Bolaños descreve a morte de Jaiminho, na visão do Chaves:

‘Ontem aconteceu outra vez a mesma coisa; Jaiminho não saiu de casa para nada. Percebi porque eu tinha ficado esperando ele descer para brincar, no quinto andar da escada. Mas ele não descia por nada. Então subi para ver o que estava acontecendo. E o que aconteceu é que estava morto. Estava com os olhos fechados, como se estivesse só dormindo. E até parecia que estava sonhando com uma coisa bonita, pois parecia muito contente. Mas não pode ser, porque duvido que ele quisesse morrer. Quem sabe, né? Jaiminho sempre disse que queria evitar a fadiga. Ou seja, agora evitou a fadiga para sempre.’

Na vida real, Raúl ‘Chato’ Padilla, o ator que interpretava Jaiminho, faleceu em 3 de fevereiro de 1994, devido a complicações de diabetes.

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Além do perfil de cansaço permanente e a fixa ideia de ‘evitar a fadiga’, Jaiminho surpreende ao falar tanto que nasceu em um município desconhecido por todos os outros personagens da série. E mesmo alguns dos mais fanáticos por ‘Chaves’ não conseguem imaginar que a mexicana Tangamandápio não faz parte da ficção criada por Roberto Gómez Bolaños.

‘Soube que Tangamandápio existe há pouco tempo através do site de um amigo meu. Parecia uma lenda, principalmente porque o Jaiminho diz que não estava no mapa. E fica exatamente no México’, confessou Eduardo Gouvêa, sempre se alegrando pela maneira com que o carteiro trata sua cidade-natal.

‘Ele diz que tem muito orgulho de ser tangamandapiano e ama o lugar, colocando-o sempre nas alturas, como se fosse um país. Inventa histórias de que o Papai Noel mora lá com suas renas e chega a falar ao Professor Girafales que ‘é do tamanho de Nova York, mas não está no mapa’. Um exagero cômico’, lembrou.

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Jaiminho ainda gosta de, à sua maneira, criar confusões para os outros. ‘Além da preguiça, tem a questão de ser fofoqueiro. Em um episódio de Natal na casa do Senhor Barriga, ele fica criando intriga entre o Professor Girafales e a Dona Florinda. É um ângulo que a série não tinha. Ele cria piadas e situações que ainda não tinham acontecido’, apontou Thiago Oliveira Pereira, estudante mineiro de Direito de 18 anos que é vice-presidente do Fã-Clube Chespirito Brasil.

O carteiro entrou na série depois da saída de Quico e Seu Madruga, interpretado por Ramón Valdez. E passou a ser tão querido que cresceu a ponto de ser um dos protagonistas de regravações de episódios marcantes no lugar de Seu Madruga. No final da série, após a aposentadoria, Jaiminho foi morar em um apartamento da vila e passou a ser chamado de ‘Seu Jaime’.

‘Ele aparece depois na série e incorpora um senso de humor muito peculiar. É cara de pau, bem descarado para dizer que não quer trabalhar. É diferente do Seu Madruga, que também não gosta de trabalhar, mas é mais malandro’, comparou o fã Thiago Oliveira Pereira.

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Um preguiçoso que, contudo, precisa trabalhar. Por isso, carrega a sua bicicleta sem revelar a seus superiores que não consegue guiá-la. Esforço cômico, capaz de cativar fãs brasileiros, mexicanos e dos outros 118 países que já transmitiram episódios de ‘Chaves’. Provavelmente, nenhum deles esperaria uma carta entregue pelo carismático personagem tangamandapiano. Todos se sensibilizariam com a sua vontade de evitar a fadiga.

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