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Brasil é terceiro no Pan, mas não anima para Londres-2012

Delegação obteve um resultado similar ao do Pan do Rio, mas também amargou grandes decepções. Para os Jogos de Londres, será preciso melhorar bastante

Por Da Redação
31 out 2011, 06h16

Em Pequim-2008, um ano após o país conquistar 52 ouros no Pan do Rio de Janeiro, o Brasil conquistou só três títulos olímpicos

O Brasil encerrou os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara neste domingo na terceira colocação do quadro de medalhas, com 48 ouros, 35 pratas e 58 bronzes, e se firmou como uma das grandes forças esportivas do continente. O desempenho brasileiro em terras mexicanas teve nível similar ao do Rio de Janeiro-2007, em que ameaçou Cuba na vice-liderança da competição, e ainda fez o país ultrapassar a Argentina no quadro de medalhas da história do Pan. Ainda assim, não serve como indicativo para a Olimpíada de Londres-2012 – no maior evento esportivo do planeta, o nível de competição é muito maior (confira no quadro abaixo).

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Em relação à edição carioca do Pan, o Brasil teve uma pequena queda de desempenho: conquistou 16 medalhas a menos (no Rio, foram 52 ouros, 40 pratas e 65 bronzes). Geralmente o país que sedia a competição se destaca em casa, mas tem participação bem mais discreta quatro anos depois, em terras estrangeiras. O México, que no Rio ficou em quinto, com apenas 18 ouros, neste ano foi o quarto, com 42. Mesmo com a oscilação de rendimento em Guadalajara, o Brasil assumiu a quarta colocação do quadro de medalhas da história do Pan. Com 27 ouros a mais do que a Argentina, o país passa o rival pela primeira vez em 60 anos de competição continental.

O terceiro posto do Canadá ainda está longe – a nação da América do Norte tem 85 ouros a mais. Cuba, uma ilha com 11 milhões de habitantes é a segunda colocada na lista, com 839 ouros. A avaliação dos cartolas brasileiros, porém, foi positiva. “Este resultado em Guadalajara é importantíssimo por vários aspectos e demonstra a evolução permanente e consolidada do esporte olímpico brasileiro. Já estamos colhendo os frutos da transformação iniciada com os Jogos Rio-2007”, afirmou o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman. O dirigente se disse otimista em relação ao desenvolvimento olímpico do país rumo aos Jogos do Rio, em 2016.

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Recordistas – Mais uma vez, a natação foi a modalidade que mais contribuiu para o rendimento do Brasil. No total, foram 24 medalhas, dez de ouro, oito de prata e seis de bronze, com destaque para as performances de Cesar Cielo e Thiago Pereira, agora o maior campeão pan-americano do país, com 12 títulos. O recorde do nadador do Corinthians veio apenas no último dia de competições da natação, em que ele conquistou seu 11º ouro, com a vitória nos 200 metros costas. Ele superou o mesa-tenista Hugo Hoyama, agora segundo colocado (10 ouros). Thiago viu a equipe do Brasil vencer o revezamento 4x100m medley, em que ele nadou a eliminatória, e acrescentar mais uma conquista à sua lista.

O atletismo, apesar da decepção da prata da campeã mundial Fabiana Murer, contribuiu com dez ouros, seis pratas e sete bronzes, contando com os primeiros lugares nos 100 metros (Rosângela Santos) e 200 metros rasos (Ana Cláudia Lemos da Silva) feminino, a maratona e o revezamento 4×100 metros nos dois gêneros e o tricampeonato da campeã olímpica Maurren Maggi no salto em distância. Entre as gratas surpresas para o esporte nacional está a velocista Rosângela Santos, de 20 anos de idade. Ela já pensou em largar o atletismo e não viajaria a Guadalajara para poder tirar férias, mas foi convencida por seu técnico e conquistou o ouro dos 100m rasos, prova mais nobre do atletismo.

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No masculino, o inédito ouro de Fernando Reis no levantamento de peso também pegou de surpresa a torcida nacional. Aos 21 anos de idade, ele conquistou a categoria acima de 105 quilos, ao levantar 185 quilos no arranque e 225 quilos no arremesso, somando 410 quilos e quebrando os três recordes pan-americanos. A última medalha do país na modalidade tinha sido um bronze, conquistado por Edmílson da Silva Dantas em Mar Del Plata-1995. O ouro da equipe masculina de ginástica artística também foi inédito, mas ainda mais histórico. Ao contrário do time feminino, que em meio a divergências entre as atletas ficou apenas na quinta posição, o masculino brilhou.

A equipe formada por Diego Hypolito, Arthur Zanetti, Sergio Sasaki, Francisco Barreto, Péricles Silva e Petrix Barbosa mostrou união e venceu a competição, conquistando a milésima medalha do Brasil na história do Pan. Canadá, Cuba e Estados Unidos são os outros países que já atingiram a marca.O taekwondo, que no Rio de Janeiro-2007 surpreendeu, em Guadalajara decepcionou. Medalhista nas Olimpíadas de Pequim-2008, Natalia Falavigna não passou da luta de estreia no México. Retornando de lesão, ela sentiu falta de ritmo de competição, foi derrotada logo em sua primeira luta no Pan e não chegou nem perto de defender a medalha de prata que conquistou quatro anos antes.

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Decepções – No masculino, Diogo Silva chegou credenciado como um dos favoritos, mas caiu nas quartas de final e voltou para o Brasil sem medalhas. Derrotado em sua segunda partida no México, o atleta fez críticas ao calendário e ainda reclamou de não poder continuar em Guadalajara para acompanhar as disputas dos outros esportes. No atletismo, a campeã mundial do salto com vara Fabiana Murrer deixou o ouro escapar para a cubana Yarisley Silva, que conseguiu o melhor salto de sua carreira para conquistar o título no Pan. A brasileira, que meses antes saltou 4,85 metros, não conseguiu superar o sarrafo a 4,70 metros e ficou apenas com a prata.

O desempenho do Brasil em alguns esportes coletivos foi abaixo do que o esperado. Representada pelos jogadores que conquistaram o Mundial Sub-20, a seleção de futebol foi eliminada ainda na primeira fase do torneio, sem nenhuma vitória. Sob o comando de Ney Franco, foram dois empates e uma derrota. A equipe feminina avançou até a final, mas falhou em conquistar no México o tricampeonato. A Seleção abriu o placar contra o Canadá na decisão e perdeu chances de ampliar a vantagem, mas levou o empate e perdeu nos pênaltis a medalha de ouro. No basquete, as equipes masculina e feminina eram consideradas favoritas, mas caíram no meio do caminho.

A queda dos homens, comandados por Rubén Magnano, na realidade foi no início da trajetória no Pan. Com uma vitória e duas derrotas na primeira fase, a seleção, sem as estrelas que conquistaram a vaga nas Olimpíadas de Londres, logo foi eliminada da briga por medalhas e teve que se contentar com a quinta posição. O time feminino tinha Érika e Iziane, titulares do Atlanta Dream, vice-campeão da WNBA, mas não conseguiu superar Porto Rico na semifinal e ficou com a medalha de bronze.

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Classificados – Os resultados em Guadalajara ajudaram o Brasil a garantir mais vagas nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. De acordo com as informações do Comitê Olímpico Brasileiro, a pentatleta Yane Marques, o triatleta Reinaldo Colucci, os canoístas Erlon Souza e Ronilson Oliveira, a seleção feminina de handebol, que viaja com 14 jogadoras, e a equipe nacional do CCE no hipismo, com cinco atletas, asseguraram no México a presença na próxima Olimpíada. Cesar Castro, dos saltos ornamentais, ficou na terceira colocação na prova do trampolim de 3 metros e deve ter sua classificação para Londres confirmada.

Apenas o campeão do Pan ganharia vaga nas Olimpíadas, mas dois mexicanos terminaram a competição à frente do brasileiro e o país já está assegurado no evento. Por isso o COB dá como certa a participação do brasiliense. Ao todo, são 104 brasileiros classificados para o maior evento do esporte mundial. Mas o desempenho no Pan não serve de parâmetro para os Jogos Olímpicos do próximo ano. Na natação e no atletismo, modalidades que mais deram medalhas ao Brasil em Guadalajara, Estados Unidos e Jamaica não mandam suas principais estrelas para a competição.

Em Pequim-2008, um ano após o país conquistar 52 ouros no Pan do Rio de Janeiro, foram três títulos, com Maurren Maggi e Cielo, campeões diante da torcida carioca, e a seleção feminina de vôlei, que perdeu a final da competição continental para Cuba. Thiago Pereira, que no Rio de Janeiro conquistou oito medalhas (seis ouros, uma prata e um bronze) teve desempenho discreto no ano seguinte em Pequim. Enfrentando rivais fortes, teve seu melhor resultado nos 200m medley, prova em que ficou com a quarta colocação, atrás dos norte-americanos Michael Phelps e Ryan Lochte e o húngaro Laszlo Cseh.

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Nas piscinas, a principal esperança continua sendo Cesar Cielo, que deixou Guadalajara com mais quatro ouros (50 metros e 100 metros livre e nos revezamentos 4×100 metros livre e medley). Felipe França, campeão dos 100 metros peito, precisará provar que pode competir com os principais nomes da prova em Londres. Nas pistas de atletismo, Fabiana Murer ainda é a atleta com mais chance de conquistar uma medalha olímpica, mas tem rivais que podem complicar suas pretensões. No revezamento 4×100 metros masculino, a equipe brasileira promete brigar por medalha. O vôlei é outra modalidade que pode render boas posições ao Brasil em Londres.

(Com agência Gazeta Press)

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