Para sua defesa, Cielo contratou o advogado americano Howard Jacobs, que também defendeu outros astros do esporte envolvidos em casos de doping, como a nadadora Jessica Hardy e a atleta Marion Jones
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No dia em que se sagrou bicampeão mundial nos 50 metros livre, em Xangai, o nadador brasileiro Cesar Cielo recebeu, do diretor executivo da Federação Internacional de Natação (Fina), Cornel Marculescu, uma dura crítica dirigida ao episódio recente de doping, em que o atleta terminou absolvido. Em entrevista à AFP, Marculescu também atacou a política mundial contra o doping, que é falha.
“Hoje, com o novo código, é como ir a um tribunal civil: com bom advogado você se livra; se você tiver um advogado ruim, é punido”, declarou Marculescu.
O nadador brasileiro, que acusou positivo para furosemida (um diurético) em um exame em maio, foi autorizado pelo Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) a participar no Mundial de Xangai, onde já ganhou duas medalhas de ouro, nos 50 metros borboleta e 50 metros livre.
O dirigente da Fina não é o único descontente com a absolvição de Cielo. A entrega da medalha pela conquista da prova dos 50 metros livre, na manhã deste sábado, foi acompanhada de vaias de parte dos nadadores, contrária à participação dele no Mundial de Xangai.
“Entendo essa reação, é normal, as pessoas se sentem frustradas”, comentou Marculescu, explicando que a FINA tem a intenção de levar o caso de Cielo à Agência Mundial Antidoping. Em sua decisão, o TAS ratificou a opinião da Federação Brasileira de Natação, que se limitou a advertir Cielo, sem sancioná-lo. “Quando se está num tribunal civil, com um bom advogado e uma boa argumentação, é possível influenciar o júri. O problema é que a gama (de sanções) é muito grande”, afirmou Marculescu.
O TAS manteve a simples advertência a Cielo, de 24 anos, e a dois atletas também brasileiros, Nicolas dos Santos e Henrique Barbosa. Já Vinicius Waked, o outro envolvido, recebeu punição de um ano de suspensão, por se tratar da segunda vez em que ele não seguia o regulamento antidoping.
Segundo o Tribunal, a presença de uma pequena quantidade de furosemida, uma substância que é usada para ocultar o uso de outros produtos dopantes, foi acidental e explicada porque os nadadores tomaram um complemento alimentar com cafeína. “Não é fácil explicar às pessoas que o uso de uma mesma substância pode implicar sanções desde a simples advertência até dois anos de suspensão”, afirmou Marculescu.
O chefe da FINA quer pedir à AMA, instância mais alta sobre uso de substância proibidas no mundo do esporte, uma revisão das normas antidoping revisadas há dos anos e que permitem agora que os atletas escapem das sanções se conseguem demonstrar circunstâncias atenuantes.
Para sua defesa, Cielo contratou o advogado americano Howard Jacobs, que também defendeu outros astros do esporte envolvidos em casos de doping, como a nadadora Jessica Hardy e a atleta Marion Jones. Depois do caso Cielo, a Fina anunciou que voltará a fazer exames de sangue durante o Mundial de Xangai para estabelecer um “passaporte biológico” que permita detectar variações suspeitas ao longo do tempo.
(Com AFP)