Os torcedores vão poder voltar a usar mastros para fazer tremular as bandeiras de seus times nas arquibancadas dos estádios paulistas. A decisão foi aprovada por unanimidade na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na noite desta quarta-feira.
Banidas junto com as torcidas organizadas, depois que uma grande briga causou uma morte no Estádio do Pacaembu, em agosto de 1995, os mastros são feitos com pedaços longos de PVC, madeira e bambu. Para a Polícia Militar (PM), são armas disfarçadas.
O autor do projeto, deputado Enio Tatto (PT), tem ligações com a organização de campeonatos de futebol amador na Grande São Paulo. Ele prefere dar um crédito às organizadas, que ficaram alguns anos fora de circulação. “Tudo pode ser usado como arma. Até um pandeiro”, defende. Em silêncio, cerca de 25 torcedores com uniformes do São Paulo, Palmeiras, Santos e Palmeiras ouviram a votação.
Registro – Para tentar garantir que tudo funcione, o projeto exige que o mastro seja registrado, assim como quem o usar, junto à Polícia Militar, federação de futebol ou organizadores. Quem brandir o mastro como arma será banido do futebol por alguns anos e multado.
Quando era promotor, o deputado Fernando Capez (PSDB) foi o encarregado de processar as organizadas e tirar do alcance dos torcedores tudo aquilo que pudesse ser usado como arma ou incitasse a violência. “O bambu não vai machucar ninguém só por que é cadastrado? Duvido”, disse.
Antes da votação, Capez foi cercado por torcedores do São Paulo e Palmeiras em um dos corredores. Eles disseram que buscavam seu apoio. Capez acha que os mastros, ocos na maioria das vezes, poderão ser usados para esconder drogas e armas brancas.
A Polícia Militar não gostou da ideia. “É um retrocesso. A lei anterior era preventiva. Os estádios vão ficar mais perigosos”, afirmou o capitão Luiz Gonzaga, do Segundo Batalhão de Choque, tropa encarregada de fazer a segurança dos estádios paulistas.