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Vida após holocausto é tema de estreias no cinema

‘Memórias Secretas’ e ‘Um Brinde À Vida’ mostram sobreviventes dos campos nazistas lidando com as sequelas deixadas pela guerra

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 Maio 2016, 16h21

Zev (Christopher Plummer) é um homem senil, martirizado pela demência que atordoa seus últimos anos de vida. Morador de um asilo, ele ainda tenta se acostumar com a morte da esposa quando seu amigo Max (Martin Landau) lhe imprime a missão de se vingar do homem que matou a família de ambos, em Auschwitz, durante a II Guerra Mundial. Apesar de lúcido, Max está em uma cadeira de rodas, o que o impede de cumprir o plano, que ele escreve de forma minuciosa em uma carta para Zev, que diariamente lê o texto, para lembrar-se de onde está e qual o motivo.

O enredo de Memórias Secretas, dirigido pelo premiado Atom Egoyan (de O Doce Amanhã), é distante, mas relacionável com o de Um Brinde À Vida, de Jean-Jacques Zilbermann (Aqui Entre Nós). As produções, que chegam aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, mostram, ao seu modo, as mazelas do horror nazista deixadas em sobreviventes judeus, e como eles lidam com tais feridas em uma vida que se mostra tão distante daquela.

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Enquanto em Memórias Secretas, que se passa nos dias atuais, Max e Zev prezam pela vingança e pela preservação da lembrança, em Um Brinde À Vida, ambientado nos anos 1960, as três protagonistas encaram o passado recente como um pesadelo a ser esquecido. Até falar sobre ele se torna um tabu.

Inspirado na história da mãe do diretor da produção, o longa é protagonizado pela atriz francesa Julie Depardieu, na pele de Hélène. Ex-prisioneira em Auschwitz, ela busca reencontrar duas amigas que a ajudaram a sobreviver ao holocausto. Após 15 anos, ela se une novamente a Rose (Suzanne Clément) e Lili (Johanna Ter Steege) em uma praia no norte da França.

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O cenário ensolarado e os belos figurinos coloridos da época em nada lembram dramas de guerra. As três, agora na faixa dos 40 anos, vivem a amizade juvenil perdida no campo de concentração. Mergulhos no mar, jantares, sorvetes, conversas jogadas fora e a descoberta das delícias da paixão fazem parte do roteiro do trio. Cada uma delas reage ao título “sobrevivente” ao seu modo. Enquanto Hélène carrega o peso de outras vítimas do conflito – e até se casa com um homem castrado no campo pelos nazistas -, Lili assume uma postura feminista, que não perde tempo com um marido que não a faz feliz e luta pelo direito da mulher de conquistar altos cargos na religião judaica. Rose, talvez a mais ferida pela guerra, usa o consumismo como escape para a tristeza que o passado lhe causa.

Pensamento contrário ao do filme de Egoyan, que no original foi batizado de Remember, ou “lembre-se”, em tradução livre. Zev mal sabe quem é, muito menos recorda o que viveu no campo de concentração. Usando a memória como metáfora e também fio condutor, o longa joga luz no fato de que os sobreviventes do holocausto estão próximos do fim de suas vidas, e que o passado sujo da humanidade não pode ser esquecido quando suas testemunhas não estiverem mais aqui.

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