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Série de TV não tem plano B, caso autor não termine os livros

Vince Gerardis, coprodutor executivo da série Game of Thrones, diz que há apenas a hipótese de os roteiristas discutirem com o George R.R. Martin possíveis trajetórias para os personagens

Por Marco Túlio Pires
16 fev 2012, 15h41

“Se eu fosse o publisher pagaria para publicar outros três volumes, além dos sete planejados”

“Qualquer ser humano que consegue manter tantas histórias na cabeça por anos a fio possui uma mente única. A mente de Martin pertence a um museu”

Vince Gerardis

Os produtores de Game of Thrones, a série de fantasia épica da rede americana HBO, não têm um plano alternativo caso o autor americano George R. R. Martin, por algum motivo, pare de publicar a série. A revelação foi feita em entrevista a VEJA pelo coprodutor executivo Vince Gerardis, responsável por ter levado o título para a rede americana. Contudo, Gerardis garante que Martin mantém contato constante com os roteiristas da série, discutindo possíveis desdobramentos para a história.

Há 10 anos, o sócio de Gerardis pediu que o parceiro representasse Martin. Em 2004, o autor americano havia publicado quatro livros da saga As Crônicas de Gelo e Fogo. “Quando li a história, vi os números e o sucesso que ela já era entre os leitores, não tive dúvidas”, diz Gerardis em entrevista a VEJA. “Temos que transformar isso em um grande sucesso para a televisão”, aconselhou o novo agente. Martin concedeu. Gerardis foi o responsável por entregar os livros de As Crônicas… nas mãos dos roteiristas David Benioff e Dan Weiss, responsáveis pela adaptação da história às telas. Seis anos depois, em 2010, o episódio piloto estava pronto.

O empresário também estava na apresentação que vendeu a série para a cúpula da HBO, a rede americana de filmes e seriados conhecidos por luxuosa produção. Gerardis foi a peça fundamental que tirou a história de Martin dos livros e a trouxe para televisões do mundo inteiro. A parceria deu frutos: um dia depois de estrear na televisão, a HBO garantiu a produção da segunda temporada, que estreia nos EUA em abril. A série de TV aumentou o número de leitores e os livros passaram a ocupar o topo das listas de vendas, inclusive no Brasil. Agora, a rede americana já está discutindo como serão as próximas duas temporadas, provavelmente baseadas em um único livro, A Tormenta de Espadas, o maior deles, publicado no Brasil pela Editora Leya.

Em passagem pelo Brasil pela primeira vez, Gerardis participou da Campus Party, em São Paulo. O empresário preparou uma surpresa para os fãs da série, mas a organização do evento decepcionou. George R. R. Martin estava em casa, em Santa Fé, nos Estados Unidos, preparado para conversar com os campuseiros pelo Skype. Projetado no telão principal do evento o autor tentou falar com a plateia, mas problemas técnicos impediram que o áudio fosse reproduzido. “Uma pena”, lamentou Gerardis. Depois da situação embaraçosa, o empresário conversou com VEJA sobre o futuro de Game of Thrones.

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Qual é o risco de produzir uma série de TV baseada em uma série de livros que não foi terminada ainda? Existem conversas sobre a possibilidade de que em algum lugar da sexta temporada, se é que chegaremos tão longe, os roteiristas permaneçam em contato constante com o George. Isso poderia acontecer caso a série de TV ultrapasse a publicação dos livros. Os roteiristas discutiriam com o George possíveis trajetórias para os personagens, para os arcos e a política da série. Não acho que exista um risco grande demais para ser superado. A equipe é muito inteligente e se tivermos entre sete e dez anos de produção na TV baseada em sete livros, será um resultado excepcional.

Capa de Festim dos Corvos
Capa de Festim dos Corvos (VEJA)

O contato dos roteiristas com o autor, antes de ele terminar de escrever a saga não ‘contaminaria’ o processo criativo dele? A história não teria um fim diferente do originalmente planejado, tanto na TV quanto nos livros? Não sei. É uma pergunta interessante. Acho que a possibilidade existe, já vi isso acontecer. Já vi filmes impactarem o que foi publicado posteriormente em livros. É possível que discussões entre o George e os roteiristas sobre a lógica da história ou da relação entre os personagens acabe entrando nos livros de alguma forma.

Vocês têm um plano alternativo caso, por qualquer motivo, o George não termine a série? [Longa pausa] Não…

O autor não conversa com os produtores sobre isso, de modo que eles tenham material para pelo menos dar um fim ao seriado caso algo aconteça? Ele conversa com o David [Benioff] e com o Dan [Weiss] (responsáveis pela adaptação da HBO) sobre possíveis rumos à história o tempo todo. Contudo, pode ser que a série de livros nunca termine. Vamos supor que ele entregue o sétimo livro. Por que a história terminaria ali? Essa é a quantidade de livros contratada pela editora. Se eu fosse o publisher pagaria para publicar mais três.

A segunda temporada está prestes a estrear, mas as próximas ainda não foram confirmadas. As suas expectativas já foram atendidas? Todos os meus objetivos pessoais foram superados. É uma série fantástica e é muito bom fazer parte dela. Não estou envolvido com o trabalho diário de produção, mas é extremamente gratificante. A qualidade da produção e o impacto que ela teve, não apenas na televisão, mas na cultura. Todo mundo fala dessa série e ela se tornou um meme, de certo modo.

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Assistao ao trailer da segunda temporada de Game of Thrones

Como você conheceu George e porque se interessou pela série? O George era representado por um sócio meu em Nova York. Há 10 anos, me pediram para substituí-lo. Depois disso, vi o sucesso de vendas dos livros e vi que a história já era algo grandioso e que poderia ser transformada em grande sucesso na TV.

Como você descreveria George R. R. Martin, como escritor e pessoa? Qualquer ser humano que consegue manter tantas histórias na cabeça por anos a fio possui uma mente única. A mente de George pertence a um museu. Ele é um cara especial.

Você tem algum personagem ou livro favorito na série As Crônicas de Gelo e Fogo? (Atenção, essa resposta contém revelações sobre o fim do primeiro livro, A Guerra dos Tronos) Com relação aos personagens, a história é complicada. No primeiro livro aprendemos a gostar do Ned Stark, ele é a materialização da nobreza e das coisas boas daquele mundo. Contudo, ele tem a cabeça cortada e você precisa aprender a viver com isso. Portanto, decidi que não tenho nenhum personagem preferido, mas se eu pudesse escolher nascer em algum lugar de Westeros, eu seria um Lannister. Quero ser da família da rainha, que é linda; do Jaime que é um cavaleiro fantástico; e do cara mais legal da história, o Tyrion. É onde os personagens mais interessantes estão. Sobre os livros, lembro-me do momento quando Bran foi empurrado da janela, no primeiro livro. Pensei: “isso é algo muito especial”. O primeiro seria o meu preferido, porque teve um impacto maior em mim.

O terceiro livro é o maior. Em alguns países, o volume foi dividido em dois ou até três. É possível que o mesmo aconteça na televisão? As chances são boas. Não exatamente em duas temporadas, mas existem conversas acontecendo nessa direção. Vamos aguardar.

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