“Romeus robóticos”, dupla Chromeo é atração empolgante do festival Sónar
Dupla toca na sexta-feira, primeiro dia do festival que acontece também no sábado, no complexo Anhembi, em São Paulo
Uma das atrações mais empolgantes do festival Sónar, que acontece nesta sexta-feira e no sábado em São Paulo, no Anhembi, a dupla canadense Chromeo faz pela primeira vez um show de verdade no Brasil. Há dois anos, os amigos Dave 1 e P-Thugg desembarcaram no país para tocar em uma festa somente para convidados, e prometeram voltar com seu show completo. Por completo, entenda, com suas dançarinas, as famosas “chromettes”. “Eu estava fazendo aulas de canto com uma professora e percebi que seria muito legal ter um coral feminino de vozes para dar ênfase a nossas músicas”, disse Dave ao site de VEJA. “A ideia era ter garotas como as de Robert Palmer (cantor inglês de Addicted to Love)“, explica o músico. Segundo ele, a ideia é apenas reforçar a aura brega que envolve a dupla cujo som poderia ser classificado como electrofunk – uma mistura de música eletrônica com o funk dos anos 80.
Admirador confesso de artistas bregas, como Palmer e Hall & Oates, Dave conta que gosta de dar esse aspecto às músicas. “Ser cafona não é ruim, é divertido”, diz. O nome da dupla segue o mesmo raciocínio. “Chromeo é ‘Chrome Romeo'”, na definição da dupla, um amante (Romeu) robótico. E a “breguice” se estende em músicas canastronas como Bonafied Lovin’. “Eu gosto de títulos que soem exagerados”, diz Dave. O irônico é ver ele e P-Thugg, dois nerds convictos (Dave, aliás, em breve terá um PhD em literatura francesa), cantando frases como “Eu vou te dar amor de verdade/ Do tipo que me faz sentir mais velho.”
Atualmente trabalhando em um disco novo – o último foi Business Casual, lançado em 2010 – a dupla não garante que vá tocar músicas inéditas. “Já temos algumas músicas prontas, estamos gravando e o álbum deve ficar pronto em 2013. É mais feliz, dançante e para cima do que o anterior, um pouco como nosso segundo disco, Fancy Footwork, de 2007″. Foi com esse trabalho, aliás, que a dupla fez fama, e principalmente na internet.
Leia abaixo a entrevista com Dave 1, da dupla Chromeo.
Da última vez que nos falamos, em 2010, você lecionava aulas e estava para terminar seu PhD. Ainda dá aulas? Já terminou o PhD? Então, parei de dar aulas e ainda não consegui terminar, porque depois que lançamos Business Casual foi uma loucura, fizemos muitos shows ao redor do mundo, festivais. Cara, como fazer turnê é cansativo. Agora, estou pensando em voltar para a universidade e terminar. Só falta um capítulo.
Vocês já fizeram muitas parcerias com marcas. Uma montadora de automóveis trouxe vocês para cá da outra vez, uma cervejaria lançou o disco, uma marca de celulares bancou o projeto do “disco mais curto do mundo”. Como isso funciona para vocês? É o melhor dos mundos. Quando tivemos a ideia para esse projeto, Drive Time, queríamos fazer um disco de apenas 183 segundos. Primeiro, procuramos nossa gravadora, mas é claro que eles não se interessaram em bancar isso. Então, fomos atrás de quem pudesse se interessar e apareceu essa marca de celulares. Mas é melhor assim, porque não há o controle da gravadora. Podemos fazer o que quisermos e a marca ganha credibilidade, é uma situação em que todo mundo ganha. Muita gente nos critica porque estamos “nos vendendo”, mas, na verdade, estamos usando as marcas para subverter o sistema (risos).
Já faz dois anos que vocês lançaram o último disco, Business Casual. Já estão gravando um novo? Já, sim. Passamos algum tempo em um estúdio de gravação no fim do ano passado e conseguimos pensar em algumas coisas boas. Pretendemos lançar esse em 2013, o que dá uma média boa de uns três anos entre cada disco nosso. Acho que esse é um tempo razoável para vocês não sentirem tanta saudade da gente e conseguirmos fazer algo legal para os fãs. (risos) Esse disco vai ser mais parecido com o nosso segundo, Fancy Footwork. É mais alegre, mais dançante, mais “para cima”.
Da última vez em que estiveram aqui, não puderam trazer as chromettes (dançarinas) e as pernas falsas de mulher que vão abaixo dos teclados – elas ficaram presas na alfândega. Vão conseguir trazer tudo isso desta vez? Vamos, claro. Sem isso, não fazemos nosso show. (risos) As chromettes somaram muito à nossa apresentação ao vivo. Nem consigo lembrar como era sem elas. Eu estava fazendo aulas de canto com uma professora e percebi que seria muito legal ter um coral feminino de vozes para dar ênfase a nossas músicas. A ideia era ter garotas como as de Robert Palmer. E o resultado não poderia ser melhor.