‘Peixonauta’ corre para ser primeira animação 3D brasileira
Longa-metragem inspirado em série brasileira que faz sucesso em 62 países recebe injeção de recursos para ser receber efeitos tridimensionais
“É interessante para as distribuidoras que seja em 3D. Tem mais visibilidade. As salas 3D têm ficado muito mais cheias do que as versões tradicionais”, diz Célia Catunda, criadora do personagem
A corrida para estrear a primeira animação brasileira em 3D já começou. Atualmente, pelo menos cinco produções estão em andamento no país, com previsão de estreia entre 2011 e 2012. Inspirado na série de animação brasileira que faz sucesso em 62 países, o longa ‘Peixonauta’, da TV PinGuim, é um dos candidatos para inaugurar o 3D entre as produções nacionais. O desenho, em que um peixe astronauta, uma menina e um macaco elucidam problemas e ajudam o meio ambiente, é líder de audiência do Discovery Kids no Brasil.
Outras três produções 3D estão em andamento: O Brasil Animado, de Mariana Caltabiano, coprodução da Globo Filmes; Bruxaria, de Virginia Cúria; e Nautilus, de Rodrigo Gava, Clewerson Saremba e Eduardo Campos. Todas terão, em 2011, um concorrente estrangeiro de peso entre as animações com efeito 3D, com assinatura de um dos mestres da animação. O longa-metragem norte-americano ‘Rio’, do diretor brasileiro Carlos Saldanha – de ‘A Era do Gelo’ – , tem previsão de chegada às telas no primeiro semestre de 2011.
Criadora do personagem, Célia Catunda não esconde que é o fator mercadológico o que pesa na decisão de transformar o filme em 3D. “No caso do ‘Peixonauta’, não tínhamos pensado nisso originalmente, até porque o desenho é bem 2D. Mas é interessante para as distribuidoras que seja em 3D. Tem mais visibilidade. As salas 3D têm ficado muito mais cheias do que as versões tradicionais”, explica a sócia da TV PinGuim.
A opção pelo formato 3D significou um encarecimento de 20% em relação ao orçamento inicial, que agora é de 5,7 milhões de reais – valor comparável, por exemplo, ao longa-metragem ‘Federal’, exibido no Festival do Rio e com estreia prevista para 29 de outubro. Mesmo assim, Célia garante que vale a pena e já prepara, para início de 2012, outro longa de animação em 3D: Tarsilinha, com cenários e parte visual inspirados no trabalho da artista Tarsila do Amaral.
“Decidi pelo formato 3D depois de ter visto vários desenhos 2D adaptados para 3D na National Film Board, do Canadá. Lá, eles têm uma visão bastante radical de que o 3D um novo passo, como foi o uso do som ou a chegada da cor”, explica Célia. Para a produtora, os profissionais de animação do país estão prontos para entrar na febre 3D. “O custo é mais alto, mas, em termos técnicos, não é tão complexo”, avalia.
Para ajudar a transformar ‘Peixonauta’ em filme 3D, os produtores receberam 500 mil reais da RioFilme, agência municipal de fomento ao audiovisual. Os recursos, no entanto, não são a fundo perdido. O formato é o de investimento reembosável, o que significa, na prática, que a agência atua como distribuidora e participa do negócio, lucrando com a distribuição para reinvestir recursos em outras produções. Os outros financiadores de ‘Peixonauta’ são a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Os produtores aguardam ainda o resultado de um edital do BNDES.