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‘Os 33’ joga fora uma ótima história

Drama dos mineiros que passaram dias presos nas profundezas do Chile, há cinco anos, chega a ter momentos de Peter Pan na Terra do Nunca, no filme da mexicana Patricia Riggen

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 nov 2015, 19h24

A história dos 33 mineiros chilenos que se viram presos e à beira da morte, nas profundezas de uma mina de ouro e cobre no deserto do Atacama, em 2010, é suficientemente forte para justificar um filme – e render um dos bons. Por isso, dá uma pena danada assistir a Os 33, da mexicana Patricia Riggen, em cartaz desde quinta-feira no Brasil. Além de levar ao extremo o papel do mocinho e dos bandidos da trama – estes, os responsáveis pela mina de San José, que nada fazem para evitar a catástrofe e são mostrados como monstros sanguessugas movidos por dinheiro; aquele, o empenhado ministro da Mineração à época, Laurence Golborne, vivido pelo brasileiro Rodrigo Santoro. O longa comete o pecado de lançar mão de uma trilha com passagens cafonas, câmera lenta e fantasia para realçar o que não precisa de realce nenhum.

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Para quem não se lembra, a história aconteceu ao longo do segundo semestre de 2010. Em agosto daquele ano, quando trabalhavam a 700 metros – ou algo como 200 andares -abaixo do solo, 33 mineiros foram surpreendidos com o colapso da mina de San José, de onde extraíam ouro. Soterrados, não tinham como sair. Abandonados pela direção da mina, que procurou primeiro abafar o caso e depois alegou não ter como resolvê-lo, precisaram contar com o esforço de Golborne, misturado à preocupação do governo chileno com a sua imagem pública, para manter as esperanças de rever os familiares e a luz do dia. Deu certo: a popularidade do presidente Sebástian Piñera chegou a subir graças ao engajamento no resgate dos mineiros.

A esperança, alimentada dentro da mina pelo espírito de liderança de Mario Sepúlveda, papel que coube ao espanhol Antonio Banderas no filme, foi de fato o que manteve os mineiros vivos boa parte do tempo. Especialmente quando a dispensa do refúgio de emergência, mal equipado e mal abastecido pela direção da mina, se mostrou insuficiente para sustentar tantos homens por tanto tempo – a operação de resgate duraria meses, e foi preciso mais de uma semana para que se perfurasse a maciça rocha de San José e uma sonda a atravessasse para levar mantimentos aos soterrados.

Um dos chefes do grupo e um otimista incorrigível, Sepúlveda procurava manter um clima bom ali nas profundezas, apesar de todas as adversidades e da chance ínfima de sobrevivência para todos. Nem por isso a diretora precisava transformar a cena de uma das mirradas refeições orquestradas pelo líder em um banquete digno da Terra do Nunca de Peter Pan, em que cada um se imaginava comendo o seu prato favorito, trazido pela mulher ou pela mamãe. Um documentário sem firulas faria melhor ao narrar uma história que não precisa de mais nada, além dela mesma, para emocionar. Qualquer tentativa de ampliá-la só poderia mesmo resultar em pastiche.

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