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O risco do filme ‘Rio Sex Comedy’ é ser levado a sério

Com Charlotte Rampling, Irène Jacob e Bill Pullman no elenco, o diretor Jonathan Nossiter explora esterótipos clássicos sobre o Rio

Por Ulisses Mattos
1 out 2010, 20h28

O roteiro toca em assuntos como favelas, nudez, desigualdade social, nudez, sensualidade, nudez, ONGs, nudez, novelas, nudez, obsessão por cirurgias plásticas, nudez, criminalidade e até índios. Nus

Depois de se casar com uma brasileira e mudar-se para o Rio de Janeiro, o diretor Jonathan Nossiter (de Mondovino), nascido nos Estados Unidos e criado na Europa, decidiu fazer um filme com todos os clichês internacionais sobre a cidade. Sua intenção era usar todas as ideias preconcebidas que os estrangeiros têm do cotidiano carioca e expô-las de modo que ficasse óbvio que muitas não passam de mitos, despertando risos. Assim, em pouco mais de duas horas, o roteiro toca em assuntos como favelas, nudez, desigualdade social, nudez, sensualidade, nudez, ONGs, nudez, novelas, nudez, obsessão por cirurgias plásticas, nudez, criminalidade e até índios. Nus.

Esses ingredientes são apresentados em três histórias que se desenvolvem paralelamente. Uma cirurgiã plástica inglesa que vem tentar fazer trabalho filantrópico e passa a conscientizar clientes sobre a falta de necessidade das operações. Um casal francês que reavalia seu relacionamento quando um amigo vem morar com eles e se envolve com a mulher, que está fazendo um documentário no Rio. Um embaixador americano que se rebela contra a politicagem que o levou ao cargo e foge para se esconder em uma favela, onde conhece um compatriota trambiqueiro, mas de bom coração.

Parece um projeto simples, mas Rio Sex Comedy é cheio de nuances. A primeira a se destacar é o tom que Nossiter escolheu para tocar as histórias. Ou melhor, a ausência de um único tom. O diretor fez uma mistura contendo o estilo de comédia dos anos 1930, o despojamento dos anos 1970 e o documentário atual. Em um momento, os personagens estão em situações absurdas e implausíveis, como quando trazem índios da Amazônia para morar em uma favela e entreter turistas, ou quando apresentam um projeto de ONG no qual policiais podem atirar em cães em vez de menores abandonados. Em outro instante, estão entrevistando empregadas domésticas de verdade sobre como se sentem em relação ao seu trabalho, com direito a lágrimas reais.

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Outro ponto importante é o esquema de produção, que mesmo de baixo orçamento, contou com a inglesa Charlotte Rampling (A Queda dos Deuses, Memórias e O Veredito), o astro hollywoodiano Bill Pullman (Independence Day, Sintonia do Amor e O Turista Acidental) e a francesa Irène Jacob (A Vida Dupla de Veronique, Adeus Meninos e Além das Nuvens), além de Fischer Stevens e Jérôme Kircher. Os atores vieram várias vezes ao Brasil, ao longo de três anos, para entender mais o Rio de Janeiro e criar seus personagens. Assim, com uma equipe bem reduzida de produção, os atores partiram para um processo extremamente colaborativo, não só improvisando diálogos com os nativos, mas também cuidando dos próprios figurinos, maquiagem e continuidade.

O resultado é uma experiência interessante, que arranca alguns risos, desde que o público brasileiro tenha em mente, a todo momento, que os clichês que pulam na tela foram postos ali conscientemente por um diretor que só quer criticar estereótipos. E esse cuidado em lembrar que se trata de uma comédia zombeteira tem que ser tomado logo no início, pois antes de partir para a comicidade o filme toma o caminho documental. Apenas um dos riscos que o diretor assume. O principal é ter certeza de que plateias estrangeiras entenderão que tudo não passa de uma brincadeira com a imagem carioca.

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