‘O problema das pessoas é o sexo’, diz Falabella sobre ataque a ‘Sexo e as Negas’
Autor do seriado que estreia nesta terça-feira na Globo, ator precisou fazer uma constrangida defesa do programa durante passagem pelo 'Encontro de Fátima Bernardes'
O ator e dramaturgo Miguel Falabella foi ao programa de Fátima Bernardes nesta terça-feira falar de sua nova série, Sexo e as Negas, que a Globo estreia hoje, depois de Tapas & Beijos. E o que poderia ser apenas divulgação de uma nova atração na grade da emissora se transformou em uma constrangida defesa, devido à notificação recebida pelo canal da Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que reuniu, sem filtro, umas poucas e descabidas denúncias de racismo e machismo no seriado que nem mesmo foi ao ar.
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“Eu sou suburbano, fui criado na Ilha do Governador. Queria fazer uma homenagem às mulheres da Cidade Alta de Cordovil e, através delas, a todas as mulheres negras e guerreiras que batalham para descobrir o lúdico, a alegria e a fantasia no seu dia a dia”, se explicou Falabella, visivelmente desconcertado, a Fátima Bernardes. “Eu queria tratar de temas relacionados à realidade dessas mulheres. O nosso primeiro episódio é sobre mobilidade. Quando você mora longe, sem um transporte público decente, a vida piora muito”, continuou o ator, que contou ter tido a ideia do seriado, uma paródia do americano Sex and the City, durante uma feijoada em uma favela.
“E soube que algumas pessoas se incomodaram”, prosseguiu o Falabella, dando a deixa para que a apresentadora entrasse na questão da Secretaria da Igualdade Racial, sem citar o órgão do governo federal. “Houve uma acusação, antes mesmo de o seriado ir ao ar, de que seria uma visão racista e machista (das mulheres negras do subúrbio)“, disse Fátima. Em resposta, o autor lançou a hipótese de que o problema das pessoas que reclamaram da série ainda inédita seja o sexo, uma vez que o cotidiano de favelas e do subúrbio já foi visto mais de uma vez na TV. “Talvez tenha sido um erro de julgamento meu, porque achei que todo mundo entenderia a paródia com Sex and the City. As personagens são profissionais, trabalham, têm família, têm a sua vida, e também fazem sexo.”
Na situação desconfortável de defender o seriado que ninguém viu, Falabella o definiu não como um programa de humor, mas “de amor”.
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O ator acabou socorrido pelas atrizes principais da série, que estavam no Encontro, e pelo músico Carlinhos Brown. “Ainda bem que o Miguel escolheu fazer Sexo e as Negas, e não Sexo e as Loiras, porque tem coisa que só concerne à mulher negra, e é muita coisa”, disse Maria Bia, que faz a personagem Soraia.
Já Brown advogou pelo uso da palavra “Negas” no título. “‘Negas’ são todas as mulheres que amamos, não tem nada a ver com a cor de pele. É um jeito carinhoso de chamar.”