Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Nova onda de musicais leva a telenovela para o palco

Com ‘Vamp’, ‘Carrossel’ e ‘Roque Santeiro’ em cartaz, agora é possível rever clássicos da TV em versões cantaroladas

Por Natália Luz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2018, 10h44 - Publicado em 4 mar 2017, 09h33

Vale a pena ver de novo. E ouvir. Depois de um período de muita importação, com montagens de sucessos da Broadway como Wicked e A Bela e a Fera, e de uma fase dedicada a biografar grandes personagens nacionais, a indústria do teatro musical encontrou uma fonte de histórias brasileiríssima e inesgotável: as telenovelas. Em 2017, uma série de grandes produções baseadas em clássicos da teledramaturgia nacional entra em cartaz no circuito Rio-São Paulo. Em janeiro, estrearam Carrossel – O Musical, baseado no sucesso infantil do SBT, e Roque Santeiro, inspirado na trama que mais deu audiência à Rede Globo – ela chegou a passar dos 90 pontos no Ibope. Engrossam agora a lista Vamp – O Musical, que entra no circuito carioca em 17 de março, e O Bem Amado, previsto para o segundo semestre, em São Paulo. Mais: no ano que vem, chega ao circuito A Escrava Isaura, com planos de fazer carreira também no exterior.

https://www.youtube.com/watch?v=DJ30LaOqQAw

Não há dúvida de que produzir um musical sobre um texto que consagrado pela TV ajuda a despertar a curiosidade do público

Maestro Fábio Gomes

Continua após a publicidade

O teatro musical, união entre canto, dança e interpretação, vem conquistando o público brasileiro nas duas últimas décadas com franquias internacionais como Lés Miserábles (público de 350.000 pessoas em onze meses de temporada), a primeira grande produção da Broadway a desembarcar aqui, em 2001, e A Bela e a Fera (público de 600.000 pessoas em dezenove meses). A importação se converteu em aprendizado: não foram trazidos apenas temas ou textos, mas também profissionais, tecnologia e conhecimento que engendraram uma revolução no meio, até então em segundo plano no circuito. Desde o que se pode chamar de a retomada dos musicais no país, como dizem seus representantes, houve um crescimento de 1.100% no número de produções do gênero. O grande boom se deu em 2005, com a estreia de O Fantasma da Ópera, que atraiu 800.000 pessoas durante os 25 meses que passou em cartaz.

Veja também

Passado o deslumbramento inicial com as produções estrangeiras, a cultura nacional começou a assumir o palco com espetáculos sobre personalidades queridinhas do público, caso de Tim Maia, Elis Regina, Chacrinha e Mamonas Assassinas, em produções totalmente brasileiras. De acordo com a organização do Prêmio Bibi Ferreira, a mais importante premiação do meio, na última temporada, compreendida entre junho de 2015 e junho de 2016, as produções nacionais dominaram o palco: foram 17 montagens criadas no país, contra 7 estrangeiras. Um crescimento apoiado pelo público.

“O teatro musical tem a capacidade de ser acessível para um público mais leigo. Um sujeito que nunca foi ao teatro se encanta ao ver uma história enfeitada com música, luz e produção caprichada. É uma excelente porta de entrada para o universo da arte”, diz o maestro Fábio Gomes, responsável pela adaptação de O Bem Amado.

Continua após a publicidade

Com uma indústria estabelecida e uma plateia capaz de lotar teatros, foi então que as produtoras identificaram outro gênero dramático queridinho do público brasileiro: as novelas. “Em território brasileiro, não há nada mais forte e mais nosso do que as novelas. É importante trazer para o teatro elementos com que as pessoas se identifiquem”, explica o maestro Fábio. “A gente tem uma dramaturgia tão rica na televisão, então por que não transformar isso em musical também?”, completa Jarbas Homem de Mello, ator que dá vida a Chico Malta (Sinhozinho Malta na TV), na versão musical de Roque Santeiro, peça escrita por Dias Gomes. “Os musicais tiveram um boom nos últimos anos, mas faltava abrasileirar e é isso que estamos fazendo. O teatro quer se aproximar do público”, diz Jorge Fernando, diretor da novela Vamp e também da sua versão cantarolada para o teatro.

https://www.youtube.com/watch?v=0Nnvn3Xe22g

Sem crise

As novas produções musicais não atiram no escuro. Todas as novelas que sobem ao palco em 2017 já foram aprovadas pelo crivo popular e conquistaram fãs Brasil afora. Roque Santeiro paralisou o Brasil no horário nobre com o romance entre Viúva Porcina (Regina Duarte) e Sinhozinho Malta (Lima Duarte). O Bem Amado foi o primeiro folhetim colorido da televisão brasileira, A Escrava Isaura, uma coprodução com uma companhia americana que quer levá-la para a Broadway, já é um sucesso no mundo inteiro, Vamp, o clássico da faixa das 19h, acaba de completar 25 anos, e Carrossel foi a precursora da fábrica de novelas infantis do SBT.

Continua após a publicidade

“Não há dúvida de que produzir um musical sobre um texto que já foi consagrado pela TV é muito interessante, pois pode ajudar a despertar a curiosidade do público em relação ao espetáculo”, diz o maestro Fábio Gomes.

Vocês lavaram essas carteiras? Por favor, digam que não”

Elenco mirim de 'Carrossel'

Continua após a publicidade

Carrossel, aliás, já havia passado também pelo cinema e pelo circo e até virado show. Só faltava mesmo o formato musical. Adriana Del Claro, atriz que interpretou a mãe da personagem Maria Joaquina (Larissa Manoela), encabeça o projeto ao lado do diretor, Zé Henrique de Paula. “Nós assistimos a Matilda na Broadway e pensamos: por que Carrossel não pode ser a Matilda brasileira?” Na adaptação, os alunos vivem uma nova história, criada pela roteirista e diretora Fernanda Maia especialmente para o palco.

https://www.youtube.com/watch?v=NkmOpNX43XU

Com um investimento de aproximadamente 5 milhões de reais, a montagem pretende levar 40 000 pessoas para o teatro durante os três meses de temporada. A produção conta com 26 crianças, entre 8 e 13 anos, escolhidas entre 850 candidatos para viver os 13 personagens da novela – dois elencos, batizados de Jujuba e Pipoca, se alternam durante as sessões. Eles eram fãs do folhetim, já sabiam as letras das músicas e o tom certo de cada uma, de acordo com Zé Henrique. “Eu vestia minha luva e ia para a escola fingindo que era a Maria Joaquina”, conta Isabella Faile, atriz que dá vida a Alícia.

Continua após a publicidade

https://www.youtube.com/watch?v=v-5sn5-vBEQ

Da novela original, seguem as atrizes Rosane Mulholand, a professora Helena, e Márcia de Oliveira, a Graça, duas personagens icônicas e queridas pelas crianças – maioria absoluta da plateia do Teatro Santander. Além das duas atrizes, a montagem conta com itens do acervo original da novela, como carteiras e uniformes. Fãs assumidos da novela, os atores mirins se empolgaram: “Vocês lavaram essas carteiras? Por favor, digam que não”.

A montagem de Vamp (aqui, em vídeo cedido pela produção) também tratou de providenciar dois atores de peso da novela da TV. Ney Latorraca e Claudia Ohana retomam seus papéis como os vampiros Vlad e Natasha, o vilão e a mocinha. “Não tínhamos como fazer Vamp sem Ney e Ohana. Esse projeto é uma grande celebração”, disse o diretor Jorge Fernando. A peça, que será uma síntese do que foi apresentado na Rede Globo em 1991, contará também com o roteirista Antonio Calmon.

Ney Latorraca acredita que agora vai ser ainda mais fácil dar corpo ao divertido e verborrágico Vlad. “Eu acho que estou até com minha voz mais limpa do que antes para cantar, pois parei de fumar há catorze anos”. E a diferença entre o palco e a televisão? “Teatro é ao vivo, com o público na hora, não tem corte, não tem edição.”

No segundo semestre de 2017, O Bem Amado também ganhará os palcos. Com Nelson Freitas como Odorico Paraguaçu, papel eternizado por Paulo Gracindo, o musical vai manter alguns dos clássicos da trilha original de Toquinho e Vinícius. A produção, autorizada a captar aproximadamente 4 milhões de reais via leis de incentivo, se baseará na história original de Dias Gomes. “A trama gira em torno de um político corrupto, que usava mal o dinheiro público. É um tema muito atual apesar do texto ser de 1963”, diz o maestro Fábio.

Conexões entre ontem e hoje não faltam. Em Roque Santeiro, também baseado na obra de Dias Gomes, o ator Jarbas Homem de Mello promete um tributo a Lima Duarte: “É um personagem icônico, não tem como falar de Sinhozinho Malta e não lembrar de Lima, então me dei ao luxo de homenageá-lo usando uma coisa que ele usava muito na novela”, disse. Quem pensou no barulho de um chocalho não passou longe. É mesmo um vale a pena ver de novo.

Quiz

Teste seus conhecimentos sobre as novelas citadas nesta matéria.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.