Desde maio, quando assumiu o comando da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura, o economista João Sayad tem deixado inquietos os cerca de 1.900 funcionários da emissora. Sua proposta de gestão é calcada na eficiência operacional, conceito que sempre sugere cortes de pessoas, e tem o aval dos conselheiros da Fundação Padre Anchieta. Em entrevista a VEJA.com, Sayad – que substituiu o jornalista Paulo Markun no comando do canal – admite a possibilidade de demissões na Cultura. “É necessário haver eficiência”, diz o economista. “Eventual redução dos quadros será decorrência desse processo e em bem menor escala do que especulações recentes.”
Confira abaixo a íntegra da entrevista, em que João Sayad fala ainda sobre seu desejo de modernizar a TV Cultura e nega razões políticas para a substituição do jornalista Heródoto Barbeiro por Marília Gabriela na bancada do “Roda Viva” – circula nos bastidores a informação de que Heródoto teria sido afastado por questionar o ex-governador José Serra a respeito do alto preço do pedágio nas estradas paulistas.
O senhor é um economista de renome. Sua escolha para o comando da Fundação Padre Anchieta revela uma preocupação do governo de São Paulo de tornar a TV Cultura mais eficiente financeiramente?
Sou economista sim, mas também ex-secretário de Cultura do Estado de São Paulo. Conheço sobre a situação e o ambiente em que a TV Cultura opera. No mundo atual, não há mais espaço para empresas que não sejam eficientes, sejam elas privadas ou públicas.
Na última semana, foram descontinuados os programas Login e Manos e Minas. Por que começar diminuindo a programação jovem?
Televisão pública precisa oferecer produtos de qualidade, que despertem interesse, que contribuam para a transformação da sociedade. Programação infantil e para jovens continuam sendo prioridade estratégica. As alterações em nossa grade reforçarão esses aspectos. Tudo o que vier a ser feito será baseado em análises criteriosas.
Para otimizar o canal, que redução o senhor pensa em fazer na folha de pagamento?
Estamos fazendo uma análise criteriosa focada na adequação da programação aos públicos de interesse. Por isso, é necessário haver eficiência em todas as etapas. Eventual redução dos quadros será decorrência desse processo e em bem menor escala do que especulações recentes.
Que características podemos esperar da nova TV Cultura?
Podem esperar uma emissora moderna, com produtos de qualidade técnica e de conteúdo.
Comenta-se que a saída do jornalista Heródoto Barbeiro do comando do Roda Viva esteve ligada a uma pergunta feita ao ex-governador José Serra a respeito do preço do pedágio em São Paulo. Há orientações editoriais oriundas do governo do estado?
Não há qualquer ingerência nessas questões. Todo formato televisivo precisa ser revisitado de tempos em tempos. Julgamos oportuno contar com a Marília Gabriela na função de entrevistadora e moderadora das entrevistas.