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‘Irmã Dulce’ explora perseverança da beata baiana

Longa conta a vida da freira que lutou para ajudar os pobres, doentes e desfavorecidos da Bahia, e chega agora ao centro-sul do país

Por Mariana Amorim
28 nov 2014, 07h37

Irmã Dulce, cinebiografia da beata baiana chega agora aos principais cinemas do centro-sul do Brasil, depois de estrear no Norte e Nordeste, onde entrou em cartaz no último dia 13. Com direção de Vicente Amorim (Um Homem Bom e O Caminho das Nuvens) e produção de Iafa Britz (de Minha Mãe É uma Peça: O Filme), as atrizes Sophia Pereira Brachmans, Bianca Comparato (Somos Tão Jovens) e Regina Braga (Mulheres Apaixonadas) estrelam o longa, se revezando no papel da freira em três fases distintas. O elenco também conta com nomes como Malu Valle (Senhora do Destino), como Madre Fausta, Irene Ravache (A Casa das Sete Mulheres) como Madre Provincial, e Glória Pires (Se Eu Fosse Você) como a mãe de Irmã Dulce.

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O filme explora as incontáveis ações humanitárias da beata, sua fé, sua perseverança e seu esforço com o próximo, e pontua os principais momentos de sua trajetória. Mostra uma doença pulmonar que comprometeria grande parte de sua capacidade respiratória, bem como sua convivência com a família, que sempre se mostrou presente. Além de diversos desafios que teve de superar, como o preconceito e o machismo da época, Dulce lidou com as rigorosas regras da Igreja Católica. Não era permitido entrar e sair do convento a qualquer horário, tampouco se ausentar de madrugada para ajudar doentes, como fez com João (Amaurih Oliveira) – a representação de jovens que Irmã Dulce ajudou ao longo da vida -, e ainda era preciso cumprir tarefas internas. “Acho que ela é um símbolo que transcende a religião, é um símbolo para muitos brasileiros, de religiões distintas. Irmã Dulce é uma mulher universal”, disse Bianca em entrevista ao site de VEJA. “Ela tinha um amor pelas pessoas, e isso estava acima da Igreja”, acrescentou Regina.

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Bianca Comparato vive a freira ainda jovem. Esta etapa mostra as primeiras dificuldades que Irmã Dulce enfrentou por ser mulher, freira e não dispor de vasta soma de recursos próprios. Aos 7 anos de idade, em 1921, a beata perdeu sua mãe, Dulce, e mais tarde descobriu a situação de extrema pobreza em que algumas pessoas viviam. Estas duas questões, a lembrança da mãe e a miséria, serviram de motivação para ela.

“O maior desafio para mim foi o olhar dela. O olhar era a síntese de todo o nosso trabalho, que é um olhar de santa mesmo, mas ao mesmo tempo extremamente humano. E, para me preparar, assisti a muitos filmes religiosos, como O Martírio de Joana D’Arc (1928), do Carl Theodor Dreyer, que me ajudou muito, e era uma referência de imagem para o diretor. O olhar da personagem, feito pela atriz Maria Falconetti, me inspirou muito. E também assisti ao Fim de Caso (1999), um filme sobre a fé de uma mulher comum que faz milagres, e o trabalho da Julianne Moore é tão lindo que me inspirou muito para fazer este filme”, comentou Bianca sobre a composição e a preparação para viver Irmã Dulce.

Trabalho que ela dividiu com Regina Braga, que faz a freira a partir da década de 1960, dos 45 anos em diante. “Fizemos todas as atividades que as freiras fazem dentro de um convento, que é muito diferente da nossa vida cotidiana. E também fizemos um trabalho em conjunto para tentar fazer o mesmo personagem. Passamos o roteiro juntas, uma lia a cena da outra, e uma influenciava a outra. Não queríamos de jeito nenhum fazer um filme cindido, queríamos um filme único. Trabalhos a fala, tentamos nos aproximar um pouco do jeito baiano, e do jeito dela, que tinha problemas de respiração”, contou Bianca.

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Em 1949, Irmã Dulce ocupa o galinheiro do Convento Santo Antônio com setenta doentes desabrigados, que anos mais tarde se transformaria no Complexo Roma, parte das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), que conta com catorze núcleos da área da saúde, como o Hospital Santo Antônio, o Centro Geriátrico e o Hospital da Criança, entre outros. E, em 1965, ela é separada da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em que ficou afastada das demais freiras, por não seguir as normas da Igreja – para cuidar dos doentes sem abrigo da capital baiana, Irmã Dulce não conseguia respeitar os horários de recolhimento do convento, e ainda passava muitas horas do dia no Hospital Santo Antônio para ajudar seus pacientes. Mesmo momento em que a beata descobre que João se envolveu em um roubo e matou uma mulher e insiste para que ele pague pelos seus pecados.

O filme ainda retrata um dos momentos mais importantes da vida da freira. Em 1980, quando sua popularidade já era considerável por conta de sua dedicação social, graças à pressão popular ela conhece o Papa João Paulo II.

Irmã Dulce recebeu este nome em 1933, ao se tornar freira das Irmãs Missionárias, em homenagem ao nome de sua mãe. Batizada como Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, ela nasceu em 26 de maio de 1914, em Salvador, Bahia. Já aos 13 anos, após visitar áreas muito carentes, ela manifesta o desejo de se dedicar à vida religiosa. Anos mais tarde, começa a saga humanitária que marcou sua presença não somente na Bahia, mas em todo o Brasil. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz no ano de 1988 pelo então presidente da república, José Sarney. Irmã Dulce faleceu em 1992, aos 77 anos. Em 2011, foi beatificada pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador. Assim, a beatificação é o último passo antes da canonização, cujo processo continua.

“Este filme é um grande épico brasileiro, sobre uma heroína nossa. Nós temos poucos e poucas no Brasil. E acho que o filme pode interessar muito fora do país, acho que Portugal sem dúvida, e Itália também, o Vaticano”, disse Regina. “Acho que é um filme sobre amor, se tivesse que definir em uma palavra”, concluiu Bianca.

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