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‘Globo de Ouro’ dá o tom de nostalgia no canal Viva

O canal, dedicado a reprises, apresenta dez novas edições do paradão de sucessos musicais que esteve no ar por dezoito anos

Por Bruno Meier Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 nov 2014, 00h00

De jaqueta com ombreiras, Byafra anda pelo palco com um jeito durão que lembra um Playmobil, aquele bonequinho sem articulação no joelho. Antes de cantar Sonho de Ícaro, ele recorda a apreensão que sentia, décadas atrás, quando se apresentava no Globo de Ouro. “Eu entrava na Globo como se o prédio da emissora fosse um disco voador. Era tipo uma viagem para Marte, de tão nervoso que eu ficava”, diz. Há cerca de um mês, mais de oitenta artistas – de Angélica a Moraes Moreira, de Ney Matogrosso a Sidney Magal, de Gilberto Gil a Rosanah – passaram pelo Teatro Tom Jobim, dentro do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para reviver o Globo de Ouro. Muitos, como Byafra, eram veteranos do programa original; outros, como o sambista Diogo Nogueira – que homenageou Agepê com o clássico romântico-cafajeste Deixa Eu Te Amar -, foram, quando crianças, apenas espectadores do programa musical que a Globo exibiu por dezoito anos. Com camisa apertada, grudada no peito, Elymar Santos conta que pegou a “raspa de tacho” do Globo de Ouro, perto de seu fim, em 1990. “Havia programas emblemáticos na carreira de um artista. Estrelar o clipe do Fantástico, passar pelo Chacrinha e, principalmente, explodir no Globo de Ouro era garantia de shows lotados. Bicho, quem fazia todas as três coisas tinha um ano lindo”, diz Fafá de Belém, para logo soltar uma gargalhada e subir ao palco com Nuvem de Lágrimas. O resultado de onze dias de gravações vai ao ar a partir de segunda-feira, às 11 da noite, em dez edições especiais no Viva, canal dedicado à nostalgia.

Lançado em 1972, o Globo de Ouro foi uma grande vitrine da música brasileira de então – incluindo aquelas vertentes populares que não ganhavam espaço nos festivais dos anos 60 e 70, mais intelectualizados e politizados. Começou com uma edição mensal e, em 1976, se tornou semanal, ocupando o horário de Silvio Santos aos domingos, quando o apresentador deixou a Globo. A proposta era sempre exibir ao público as dez músicas mais tocadas nas rádios brasileiras. Grande parte dos custos – como o transporte dos músicos – era bancada pelas então poderosas gravadoras, interessadas em mostrar seus artistas mais lucrativos. “Hoje não são mais as gravadoras, mas os empresários que têm esse controle sobre os artistas”, compara Bernardo Vilhena, roteirista do programa original e agora do revival.

Desde 2012, o Viva vem reprisando o Globo de Ouro. Mas, na era da música digital, não há lugar para “paradas de sucesso” na TV aberta. Os musicais televisivos hoje vão no cruzamento do programa de calouros com o reality show – tal é o caso de The Voice Brasil. Há quem tenha saudade. “A gente vivia uma época de ouro. Dá a impressão de que o passado era um pouco mais glorioso”, diz Berna Ceppas, diretor musical do especial. Mas a glória não resiste às ombreiras dos anos 80: “Reprisamos o Globo de Ouro porque ele é quase um programa de humor. É engraçado ver o comportamento e o figurino dos artistas na época”, diz Letícia Muhana, diretora do Viva. Nono canal mais visto da TV paga, o Viva, criado em 2010, tem ganhado cacife não só para exibir o arquivo da Globo mas também para produzir novas edições de velhos sucessos. O primeiro foi Sai de Baixo, no ano passado – os quatro novos episódios foram os mais vistos na TV paga em seu horário. Em janeiro, numa reunião entre o comitê artístico da Globo e a direção do Viva, ficou acertada a produção da nova leva do Globo de Ouro.

Na plateia de pouco mais de 100 pessoas, havia muitas senhoras com idade para sentir saudade do programa original. Elas faziam coreografias em grupo e, nos intervalos entre uma e outra apresentação, eram regidas por uma assistente de direção, para que as câmeras registrassem momentos de animação. Na gravação acompanhada pela reportagem de VEJA, Fafá de Belém recebeu gritinhos de “linda” ao entrar em cena com um vestido do estilista Markito – com ombreiras, claro. Última atração do dia, Elymar Santos empolgou com Escancarando de Vez, mas ficou ressabiado quando a reportagem o alinhou a um gênero tido como maldito. “Não sou brega. Sou popular”, contesta. Mas quem diz que a breguice não é dourada?

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