Filme com Ryan Reynolds em Cannes explora casos de pedofilia
Em ‘The Captive’, o cineasta Atom Egoyan monta thriller perturbador, porém decepciona plateia
Por Mariane Morisawa, de Cannes
16 Maio 2014, 15h26
O cineasta egípcio de origem armênia e radicado no Canadá Atom Egoyan parece estar sofrendo de um problema de “timing”. Seu filme anterior, Devil’s Knot, exibido no Festival de Toronto, em setembro, era baseado nos mesmos fatos reais abordados no documentário West of Memphis (2012), de Amy Berg, sobre três adolescentes acusados de matar três crianças e condenados à prisão, para muitos, sem provas suficientes. Agora, The Captive, terceiro filme da competição do 67º Festival de Cannes, exibido em sessão de imprensa na manhã desta sexta-feira (16), se parece muito com outro longa-metragem recente, Os Suspeitos, de outro canadense, Denis Villeneuve, estrelado por Hugh Jackman.
Em The Captive (Prisioneiro, na tradução livre do inglês), outro bonitão, Ryan Reynolds, é o cara trabalhador que vê sua filha Cass (Peyton Kennedy) ser sequestrada. Matthew Lane vai comprar uma torta e, quando volta ao carro, a menina desapareceu. Sua mulher, Tina (Mireille Enos, do seriado The Killing), culpa o marido pelo sumiço da garota, e o investigador Jeffrey Cornwall (Scott Speedman) suspeita que ele pode ter vendido Cass para ganhar algum dinheiro. Nicole Dunlop (Rosario Dawson) é a policial especializada em crimes contra crianças encarregada do caso.
A narrativa alterna-se entre o presente, oito anos depois do sequestro, e o passado, sem marcações claras – nem uma textura diferente, muito menos algum envelhecimento dos atores. Aos poucos, os detalhes dos relacionamentos vão sendo revelados. Cassandra (Alexia Fast) aparece, já adolescente, trancada num quarto. Nunca fica claro que tipo de abuso ela sofreu, nem que tipo de relação estabeleceu com seu sequestrador, apenas que hoje ajuda a rede de pedófilos a recrutar crianças envolvendo-as em conversas pelo computador. O homem que a levou, Mika (Kevin Durand), só falta usar uma placa dizendo: sou pedófilo.
É por esse tipo de detalhe e exagero que o filme não se sustenta. Não há dúvidas de que a tecnologia facilitou esse tipo de crime, mas o controle que a rede exerce parece meio inverossímil. Os pedófilos colocaram câmeras nos quartos de hotel onde Tina trabalha como faxineira, por exemplo. De vez em quando, deixam lá alguns objetos da menina. Para quê? Não se sabe. O desfecho envolvendo Nicole também é duro de aguentar. Egoyan, que ganhou o Grande Prêmio do Júri em Cannes com O Doce Amanhã (1997) e gosta de explorar o tema da culpa (muito presente no filme), parece ter perdido a mão, indeciso sobre o que fazer exatamente com o material problemático que tinha em mãos. A não ser que dê a louca no júri presidido por Jane Campion, dificilmente The Captive tem chance de levar alguma coisa.
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