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Emblema do art nouveau, Gustav Klimt tem mostra em Paris

Exposição traz 180 obras trazidas de museus austríacos e coleções privadas

Por Da Redação
23 fev 2015, 21h12

Nunca exibida na França, o Friso de Beethoven é a principal atração da grande exposição que a Pinacoteca de Paris dedica a Gustav Klimt. Iniciada em 12 de fevereiro, a mostra Au Temps de Klimt – La Secéssion de Vienne está programada para ir até junho com impressionante conjunto de 180 obras garimpadas em museus austríacos e coleções particulares. Mas nem todo Klimt se faz presente: trabalhos importantes não cruzaram a fronteira e permanecem na Galeria Belvedere de Viena, deixando claro que a mostra de Paris é dedicada à Secessão Vienense, mostrando pinturas de contemporâneos do artista que, como ele, fizeram a glória do movimento.

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Em 2013, a Pinacothèque já fizera outra exposição evocando o art nouveau, estilo de arte aplicado à indústria e que floresceu entre 1890 e 1910, evoluindo depois para uma forma mais geométrica chamada de art déco. Klimt e a Secessão, no começo do século XX, têm tudo a ver com art nouveau. Basta pensar no pintor: muito provavelmente a primeira imagem a ser lembrada será a de O Beijo. Na pintura, resume-se todo Klimt, da precocidade inicial aos excessos decorativos.

Mas a obra que estampa o cartaz da exposição é outra – Judite. Nela estão o hábil desenho e o colorido que torna as carnes palpáveis. Entretanto, tudo é aureolado nos dourados excessivos que viraram a marca de Klimt. Quer dizer – meia marca. O artista sempre foi associado à modernidade. O que salta aos olhos na mostra é o expressionismo latente – não por acaso, críticos e historiadores de peso garantem que, sem a Secessão, não haveria o movimento expressionista.

A Secessão floresceu no império austro-húngaro, que vivia seu apogeu, precedendo a decadência. Aquele tiro no imperador Francisco Fernando colocou fim a uma época, à Viena da valsa, do fausto. Das ruínas da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha emergiu humilhada e derrotada. O expressionismo, com suas distorções visuais, virou a expressão dessa derrota – e da pintura saltou para o cinema, criando uma escola de claros e escuros violentos que foi incorporada por Hollywood.

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Vida – Klimt nasceu e se criou em uma família de mulheres. Fez delas o centro de sua pintura, pautada pela sensualidade. Assim como o ambiente familiar foi decisivo em sua formação, a exposição não desconhece uma outra contribuição visceral – Viena, na virada do século XIX para o XX, era um centro do pensamento intelectual. De Sigmund Freud a Carl Schuch, Tina Blau, Théodor Hormann etc., boa parte dessa intelectualidade austríaca, incluindo Klimt, passara por Paris. A exposição refaz esse percurso e propõe um diálogo com as obras e artistas que marcaram o jovem Gustav ou integraram a Secessão com ele. A vanguarda austríaca está representada por Egon Schiele e Oskar Kokoschka.

Depois de percorrer a evolução de Klimt, um último espaço é dedicado às joias e artesanatos da Secessão. O que fica disso tudo são as obras emblemáticas. Judite (e a cabeça de Holofernes) é um óleo sobre tela que reproduz o episódio bíblico, mostra uma mulher fatal que segura com a mão direita a cabeça decepada. De fundo, montanhas, figueiras e vinhas expressam o gosto do pintor pelo simbolismo e se referem ao palácio de Senaqueribe. A pintura data de 1901.

O Friso é de 1902 e nasceu como homenagem ao compositor. É uma obra extensa – 20 metros por 2. É um milagre que tenha sobrevivido a duas guerras no Palácio Secessão, onde está instalada – e de onde saiu para a exibição em Paris. Uma informação no catálogo diz que o Friso volta para o Palácio da Secessão e, para não correr riscos, ficará intocado por pelo menos mais 20 anos. Nascimento, vida e morte, sexo e pecado – o Friso sintetiza os grandes temas da humanidade e da arte. Uma passagem pela Pinacoteca de Paris vale mais que o preço do ingresso. A importância de Gustav Klimt cresce, e muito. Esse homem foi um artista muito maior do que seus dourados nos induzem a crer.

(Com Estadão Conteúdo)

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