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Depois da Europa, Michel Teló mira hispânicos e EUA

Sem medo de não repetir o sucesso de 'Ai se Eu te Pego', cantor investe em novas músicas para prolongar a boa fase da carreira no Brasil e no exterior

Por Carol Nogueira
Atualizado em 10 dez 2018, 10h34 - Publicado em 12 abr 2012, 15h45

Projetado quando a coreografia de Ai se Eu te Pego ganhou os gramados espanhóis com o português Cristiano Ronaldo, que fez a provocante dancinha na comemoração de um gol em outubro passado, o sertanejo Michel Teló virou hit mundial. E chega cada vez mais longe. Depois de fazer shows em onze países da Europa, ele prepara um disco em espanhol e negocia a sua estreia nos palcos americanos com produtores de turnês de nomes como Justin Timberlake. Não deve faltar público: na última semana, a música entrou na 95ª posição da lista Billboard Hot 100, que compila as faixas mais tocadas na terra de Obama.

Teló sabe aproveitar seu momento. É antenado. Natural de Medianeira, cidade pequena do interior do Paraná, o músico guarda poucas características do estereótipo do “caipira”. Às vezes, deixa escapar o sotaque arrastado. Diz que não tem mais tempo para pescar e que adora a estrada. Mas o visual moderninho e o cabelo arrepiado entregam que Teló é um tipo diferente de músico sertanejo. Adepto de gírias (“top” para bom e “Face” para Facebook), apaixonado por videogame (especialmente por jogos de futebol) e com gosto pela música pop (bandas como Coldplay e Maroon 5), ele se assemelha aos “baladeiros” que lotam seus shows.

Mas seus 31 anos de vida – e 19 de carreira – o afastam do deslumbramento. Pé no chão, o músico investe os milhões que ganha no mercado imobiliário: está construindo uma casa em São Paulo, onde já tem um apartamento. Tem ainda imóveis em Passo Fundo (RS), é sócio de uma construtora em Campo Grande e dono de uma editora de músicas. Ao site de VEJA, o músico falou sobre seus planos futuros para não se tornar um artista de um hit só. Confira.

Como foi a turnê na Europa? Voltamos no dia 15 de março, depois de 21 dias de shows e 11 países. Superou tudo o que a gente imaginava. Eu ficava com medo, achava que as pessoas só fossem cantar Ai Se Eu te Pego. Mas chegamos lá e não foi assim. Em Portugal, onde a gente fez os maiores shows, para 10.000 pessoas em arena de touradas, todo mundo cantou quando puxei a primeira música, Ei, Psiu, Beijo me Liga, que foi meu primeiro sucesso. Foi uma loucura, aquela gritaria. Pensei, “Ihhhh, hoje o bicho pega, vai ser top”. Puxei Larga de Bobeira e de novo todo mundo cantava. Depois, Fugidinha. O povo cantava todas. Foi emocionante. Começamos com chave de ouro. Depois, fomos pra Londres e fizemos um show para um público praticamente só de brasileiros. Foi ótimo, até o começo do ano eu não conhecia a Europa. A gente foi no início de 2012 fazer divulgação só, e já voltou três vezes.

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Você fala inglês? Não falo nada. Todo dia, eu tinha de atender a imprensa, e precisava de intérprete. Estou sofrendo com esse negócio de inglês, viu. Quando era pequeno, minha mãe me mandou estudar, eu devia ter ouvido. Eu só queria saber de música e mais nada. Hoje, faz falta. Estou contratando um professor particular. Eu já tinha contratado um de espanhol, porque minhas músicas estão fazendo sucesso nos países latinos, e o espanhol é mais fácil.

Vai adaptar outros sucessos para o inglês? Como eu fiz com If I Catch You? Essa foi mais uma brincadeira. É a galera daqui mesmo que gosta de ouvir a música em inglês, eu canto nos shows como curtição. A música que toca lá fora é cantada em português. E mesmo assim se espalha. Às vezes, eu recebo as listas de onde a música está em primeiro lugar, e tomo um susto… Esses dias eu recebi uma lista que tinha República Tcheca, Letônia, coisas assim. Ai Se eu te Pego é como um vírus.

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E agora a Billboard, nos Estados Unidos… Pois é, entrei na lista da Billboard na semana passada. Essa é uma etapa nova que está começando e a gente ainda não sabe para onde está indo. Mas o legal, para mim, é que as pessoas cantam em português. Ainda fico surpreso com isso. Eu estava em Roma e fui visitar o Coliseu. Lá, alguns guardas pediram para tirar foto comigo e ficaram cantando a música, com dancinha e tudo.

Você tem planos de fazer shows nos Estados Unidos? Tenho projetos. E pessoas do meio artístico de lá estão entrando em contato. Não posso dizer quem, mas posso dizer que é gente que faz show de Justin Timberlake e outros nomes grandes. Eles querem firmar uma parceria com a gente, mas este ano já está bem comprometido. De maio a agosto, tenho 27, 28 shows agendados por mês. Tenho que achar uma brecha na agenda. Eu volto para a França em maio, por um dia só. No fim do mês, vou para o prêmio da Billboard, nos EUA, fui convidado por eles. Ainda não sei o que vou fazer, se é para tocar ou apresentar alguma categoria, ou só para estar na plateia, mas já é um grande passo. Na Billboard latina, a gente já estava presente fazia algum tempo. Mas entrar na Billboard americana é outra conversa.

Gostaria de fazer um show no Madison Square Garden, como a Ivete Sangalo? Seria bacana. Sonhar não custa nada, e, a gente sonhando, as coisas podem acontecer.

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A ideia é então investir na carreira internacional? Acho importante, porque abre um leque. O nosso foco é o Brasil, o país está em um bom momento econômico, todos os nossos shows estão lotados. Mas, já que as portas se abriram, seria bacana dar continuidade a isso. Estou com um projeto de lançar disco em espanhol. E todo ano quero lançar um disco no Brasil.

Em que pé está o disco em espanhol? Sai em breve. Vou cantar meus sucessos mesmo, mas em espanhol misturado com português. A Fugidinha já está tocando bastante na Espanha. No YouTube, é minha segunda música mais vista, já chegou a 280 milhões (Ai se Eu te Pego tem 287 milhões). Sobe 2, 3 milhões por dia.

Você fica com medo? Não! Eu curto (risos). Não me assusta, não. Tenho 19 anos de carreira, já passei por tudo. Comecei criança, ajudava a carregar equipamento de som. Era pequenininho, franzino e levava os microfones, os pedestais, os instrumentos mais leves, ajudava a montar tudo. Fazia gravação em casa. Na época do grupo Tradição, produzi todos os discos sozinho. Toquei muito em baile. É bastante tempo de carreira.

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Mas nada disso assusta um pouco? O que me assusta é a mídia, porque tudo vira muito. Qualquer bobeira vira muito. Uma frase que você diz vira muito. Coisas que você nem fala viram notícia. Ainda estou aprendendo a lidar com isso. Estou aprendendo a ficar um pouco mais quieto, falar menos, porque gosto de conversar.

O que mudou na sua vida depois que você ficou famoso? O trabalho é intenso desde que estourou Fugidinha. No ano passado, fiz uns 220 shows. Fora programa de televisão, rádio, entrevistas… Antes de Ai Se Eu te Pego, eu podia tirar dois ou três dias de folga e ir para a praia, eu pescava mais, jogava mais videogame, já não consigo fazer o que fazia. Tem muita coisa boa acontecendo. Fico distante da família e perdi um pouco da privacidade. Mal consigo ir ao shopping. Sinto falta do tempo livre, mas é uma fase e preciso aproveitar. E o carinho das pessoas é gostoso. O que estou tendo agora é o que sempre sonhei.

E como é fazer tantos shows por mês? Eu gosto de viajar de ônibus. Sou da estrada e sempre fui. Hoje, com a correria, acabo viajando de jato e de helicóptero, mas não tenho um próprio. Esses dias, eu fiz Faustão e toquei em Belo Horizonte na mesma noite, daí tive que ir de jato. No ônibus, eu tenho minha cama, prefiro. É divertido. Uma vez, a gente foi de Rondônia para o Paraná, foram 30 horas de viagem, e ficou 18 jogando videogame.

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Você acha que consegue repetir o sucesso de Ai Se Eu te Pego? Essa música é hors concours, toca no mundo inteiro, nunca tinha acontecido isso na música brasileira. Mas, no Brasil, Humilde Residência já é a segunda mais tocada nas rádios. E Fugidinha está bombando no YouTube. A galera está curtindo o DVD, que vende bem, os shows estão lotados. As outras faixas estão ganhando público. O processo da música é natural. Ela tem um pico, depois começa a descer, e você vem com outra. Agora, a gente aposta em Humilde Residência, que está na nova novela das nove da Globo, Avenida Brasil. Outras de que estão gostando são Eu te Amo e Open Bar, que é meio eletrônica, com sanfona, eu adoro tocar. Na hora que aparece no show, a galera enlouquece. Mas não tenho essa preocupação de emplacar outra Ai Se Eu te Pego. Quando lancei Ei, Psiu, Beijo Me Liga, pensei que não ia conseguir fazer um sucesso igual. Aí, veio Fugidinha e achei que nada ia ser maior que aquilo. Então, surgiu Ai Se Eu te Pego.

E o processo das meninas da Paraíba que requerem a coautoria de Ai se Eu te Pego? Acho que vou pedir para constar entre os autores da música, também, porque mudei duas frases. A letra era “sábado no forró” e eu troquei por “sábado na balada”, e “a safada começou a tocar” mudou para “a galera começou a dançar”. Se a música tem oito frases, duas são minhas. Mas o processo diz respeito aos autores oficiais. Se surgiram novas compositoras, eles vão ter de se resolver com elas. Eu não acompanho, nem sei em que pé está o processo. Eu sou apenas o intérprete, mas acho que uma parte da música vai ter de entrar no meu nome. Você não acha justo?

Mas isso está impedindo você de ganhar dinheiro com a música? Com a música em si, está impedindo. Mas hoje em dia, ainda mais por causa da pirataria, o artista lucra mesmo é com os shows. No dia em que a justiça liberar os lucros com a música, vão ser uma poupança.

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