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Charlotte Ronson, a garota que vale ouro

A estilista tornou-ser uma das empreendedoras do varejo de maior sucesso de sua geração

Por Catherine Saint Louis, The New York Times
29 out 2011, 07h57

Ela não é a Ronson que namorou Lindsay Lohan. Essa é Samantha, sua irmã gêmea e famosa DJ e cantora, que sempre usa um chapéu Fedora. Ela não é o Ronson que, em 2008, ganhou três Grammys, incluindo o de produtor do ano pelo trabalho com a falecida Amy Winehouse. Esse é Mark, seu irmão e produtor, que se casou recentemente. A mulher tímida com o invejável cabelo bagunçado de roqueira que estava sentada, passando amplamente despercebida, no restaurante The Smile em Manhattan, numa recente manhã ensolarada de sexta-feira, é a estilista Charlotte Ronson. Nos últimos anos, ela evoluiu discreta e surpreendentemente para se tornar uma das empreendedoras do varejo de maior sucesso de sua geração.

Ronson, que começou a desenhar looks femininos de inspiração grunge sob a marca C. Ronson em 2000 e que desfila na New York Fashion Week desde 2006, também realizou acordos com as redes ‘cheap-chics’ Urban Outfitters e Uniqlo. Desde 2009, ela tem uma linha de difusão, a I Heart Ronson, nas 600 lojas da J.C. Penney, e em setembro sua coleção de beleza chegou à Sephora, a primeira colaboração do empório de maquiagem com uma designer de moda numa linha de beleza completa.

Ronson, que nasceu em Londres e foi criada nos corredores mais privilegiados de downtown Manhattan pela mãe, Ann Dexter-Jones, e pelo padrasto, Mick Jones, da banda de rock Foreigner, tem uma aparência de displicência estudada (sua coleção da Sephora inclui um spray para cabelos chamado A Perfect Mess, para ajudar a obter mechas despenteadas, com ar praiano) e uma conduta parecida. Sentada no The Smile, que fica próximo a seu apartamento, ela parecia um gato num canto, esperando, observando, atenta – e sem sorrir muito.

Vestida com um short floral e alpargatas verde-militar de sua própria criação, junto com uma camiseta cinza de manga longa da marca 3.1 Phillip Lim, Ronson respondeu às perguntas de forma sucinta. Ela estava trabalhando na coleção da Sephora, como contou, assegurando-se que seu gloss labial, com aroma de limão e menta, não ”seja grudento”; que o spray para cabelos não deixe as mechas ”duras”; e que as sombras não ”se acumulem nas rugas”. Para que você não suspeite que ela apenas estampou seu nome famoso nos produtos: ”Tivemos mais de 30 projetos de criação, um número muito alto”, disse mais tarde por e-mail Nancy Rappaport, diretora de desenvolvimento de produtos da Sephora. ”Foi Charlotte que combinou todos os elementos (a inspiração, os esboços, as texturas)”.

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Num mercado superlotado, Ronson, 34, mantém a rara característica de reter o credo indie – sua linha Charlotte Ronson é vendida em butiques como Blue & Cream em Manhattan e East Hampton e online em shopbop.com _, ao mesmo tempo em que atinge um grande número de pessoas. ”Ela vem com tudo”, disse Robert Passikoff, presidente da Brand Keys, uma empresa de pesquisa de Nova York que monitora a percepção dos consumidores em relação a marcas. ”Não acho que é por acaso. Acho que é uma estratégia muito bem pensada em termos de expansão da marca. Existem muitas empresas por aí buscando exatamente isso, uma associação com alguém como Ronson”.

Agora que o trabalho vai bem e que sua irmã gêmea, Samantha, mora em Los Angeles, elas se comunicam por telefone, e-mail e mensagens de texto com frequência. ”Eu a contrato para algumas coisas, para que a gente possa passar um tempo juntas”, disse Charlotte, sorrindo, enquanto comia batata frita com queijo e uma salada no Coffee Shop, na Union Square, outro dia. Quando questionada se estava num relacionamento, ela respondeu: ”Nada sério”. Numa entrevista por telefone, Samantha Ronson disse que Charlotte nasceu com uma natureza reservada. ”Ela pode ser distante”, disse. ”Ela é apenas cuidadosa – ela espera e vê se uma pessoa é boa ou não. Eu sou mais do tipo ‘Ei, vamos ser melhores amigos”’.

A irmã gêmea mais sossegada se mostrou Ronson o suficiente para a J.C. Penney, que já renovou seu acordo original com ela duas vezes. Os vestidos estampados e as leggings com detalhes na parte de trás da I Heart Ronson têm ajudado a aumentar o mercado da empresa entre pessoas de 18 a 30 anos, que geralmente pensam na loja como ”um lugar onde minha mãe e minha avó compram”, disse Elizabeth Sweney, gerente geral de merchandise.

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”Ela tem um olho para a mistura de tecidos que, combinados, criam um item muito especial e individualizado, com uma personalidade própria”, acrescentou Sweney, por e-mail. ”Charlotte também tem um olho para pegar estampas antigas e torná-las novas e relevantes”. Muitos de seus vestidos versáteis custam US$ 50 e vêm com um cinto. Assim, como coloca Ronson, é um ”conjunto completo”, com preço acessível. No entanto, por mais que seu design seja autêntico (Ronson se formou pela New York University em 1999 em bacharelado em arte de estúdio), o fato de que ela e seus irmãos dão festas que atraem filhos de celebridades como Nicole Richie (pai: Lionel) e Rashida Jones (Quincy Jones e Peggy Lipton), e por consequência os paparazzi, também faz parte do seu apelo para os varejistas. Os desfiles de Ronson são assuntos de família, com Samantha como DJ; a meia-irmã de aparência angelical Annabelle Dexter-Jones desfilando (com 24 anos, ela também é o rosto das campanhas); e sua mãe, que é socialite e designer de joias, muitas vezes na primeira fila. ”Gostamos do fato que ela tem uma rede de amigos famosos”, disse Sweney, acrescentando que a festa de lançamento da linha I Heart Ronson no Chateau Marmont tinha um armário abastecido do qual convidadas como Paris Hilton e Mischa Barton podiam levar presentes.

Ronson me disse: ”Só acho que é legal ser conhecida pelo que faço, não por quem eu conheço ou com quem tenho ligações”. Assim como a maioria das grandes marcas de moda, Ronson tem um sócio eficiente: Aaron Nir, 46, que a notou pela primeira vez como presidente da Sanei International, uma grande empresa de roupas do Japão. Ele suspeitava que ela venderia bem para o mercado de adolescentes e jovens.

Em 2005, quando Nir começou a gerenciar as operações americanas de Ronson, uma das primeiras ordens comerciais foi mudar a marca C. Ronson – conhecida por regatas customizadas, camisetas vintage e macacões – para o nome Charlotte Ronson, mais adulto, com bordados, tecidos mais sofisticados e mais adornos. Em 2009, Nir se tornou sócio em tempo integral da empresa. ”Foi o interesse que eu vi de potenciais parceiros que validou meu interesse”, ele disse. Hoje, ele sonha em transformar Charlotte Ronson numa marca global de lifestyle. Ele sugeriu um iminente acordo para uma linha de bolsas e vislumbra linhas de óculos, objetos de decoração, enxoval, joias e mais sapatos. ”Somos constantemente abordados por empresas”, contou Nir. No começo de setembro, dias antes de seu desfile na New York Fashion Week, Ronson fez um teste de cabelo e maquiagem para acertar no look. ”Está vermelho demais”, disse ela, referindo-se a um tom de batom.

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Depois, a designer e a stylist Natasha Royt pediram a Gilbert Soliz, maquiador da Sephora, que tentasse lábios cor de papoula com os colares que elas estavam usando. Depois que um cinto foi colocado no pescoço da modelo Katrina Hoernig, Soliz aplicou lápis de olho sob seus cílios superiores para um look menos arrumado – a clássica discrição de Ronson _, então trabalhou no tom da boca. Ronson, usando suas botas cinza (US$ 285), um vestido floral (US$ 335) e um coque bagunçado, examinou os lábios alaranjados brilhantes e os criticou. ”Está demais”, ela disse. Royt, que trabalhou em sete coleções com Ronson, disse pedir que a designer faca peças mais impressionantes, apenas para a passarela (conhecidas como ‘vestidos para a imprensa’), mas ela muitas vezes se recusa. Teimosa e comercial, Ronson responde: ”Não quero colocar nada na passarela que minha cliente não possa comprar”. Depois de seu ultimo desfile, ela acenou e soltou um beijinho na passarela, diante de uma plateia barulhenta que incluía Kelly Osbourne, Joy Bryant e Peaches Geldof. Como ela explicou mais tarde: ”Sou feliz em ficar nos bastidores”.

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