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Bicheiros reassumem comando das escolas de samba

Menos expostos, mas não menos poderosos, chefões do jogo do bicho voltam a dar as cartas nas escolas de samba do Grupo Especial no Rio

Por Rafael Lemos
9 fev 2014, 16h01

Os agradecimentos dos intérpretes a cada início de desfile não deixa dúvida. Na condição de “patronos” das escolas de samba, os chefes da contravenção sempre estiveram presentes de alguma forma nas agremiações do carnaval carioca. Afastamentos estratégicos, no entanto, em momentos em que não era interessante instigar a Justiça e os órgãos de fiscalização, deram ao público a impressão de que os bicheiros tinham se afastado do comando da festa milionária. Depois de dois anos de atípica discrição, os ‘capos’ do bicho estão, este ano, novamente dispostos a aparecer.

Esse é o caso do bicheiro Rogério Andrade, que acaba de reassumir o posto de patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel. O retorno do sobrinho de Castor de Andrade coincidiu com o afastamento do presidente da agremiação, Paulo Vianna, após ser denunciado pelo Ministério Público por mandar falsificarem assinaturas de 10 associados na ata de uma assembleia.

Anísio Abraão David e Luizinho Drumond, em novembro do ano passado, durante evento da Liesa
Anísio Abraão David e Luizinho Drumond, em novembro do ano passado, durante evento da Liesa (VEJA)

Na última quarta-feira, Paulo Vianna divulgou uma carta de renúncia, prometendo que jamais vai concorrer novamente à presidência da escola. Com uma gestão marcada por más colocações no carnaval, Vianna teve a saída comemorada por grande parte dos torcedores da Mocidade. Internamente, os comentários são de que a renúncia veio após pressão do novo patrono. Oficialmente, o novo presidente é Waldyr Trindade, o Macumba, vice de Paulo Vianna. No entanto, a mudança conferiu maiores poderes ao patrono. Rogério Andrade está de volta pouco mais de um ano após ter sido absolvido da acusação de ser o mandante da morte do primo, Paulinho Andrade, filho de Castor Andrade.

Ele chega justamente num momento que a escola busca resgatar suas raízes. O enredo “Pernambucópolis” é uma homenagem ao falecido Fernando Pinto, considerado o maior carnavalesco da história da Mocidade junto com Renato Lage. O samba-enredo composto assinado por Dudu Nobre e o festejado retorno do casal de mestre-sala e porta-bandeira Rogerinho e Lucinha Nobre dão esperanças à escola.

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A presença dos patronos também se faz mais ostensiva na atual campeã, Vila Isabel. Na azul-e-branca, o ex-presidente Wilson Vieira Alves, o Moisés, está de volta como presidente de honra. Ele foi solto em novembro de 2012, graças a um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), após ter sido condenado a mais de 23 anos de prisão pelos crimes de contrabando, formação de quadrilha e corrupção ativa.

Moisés retornou à escola após reatar com o filho, o atual presidente Wilsinho Alves. Agora, ele dá entrevistas sobre os preparativos da Vila Isabel para o Carnaval 2014, mostrando-se atuante na agremiação. A atual campeã atravessa dificuldades financeiras, em meio a dívidas com fornecedores e colaboradores. O carnavalesco Cid Carvalho chegou a se demitir, alegando atraso de salário e falta de condições de trabalho no barracão. Depois de um acordo, o carnavalesco aceitou voltar e concluir o trabalho.

Moisés chegou à Vila Isabel em 2003 como superintendente, pelas mãos do então presidente da Liga Independente da Escolas de Samba (Liesa), Aílton Guimarães Jorge, mais conhecido como Capitão Guimarães. Desde 2007, Guimarães está oficialmente afastado do Carnaval. A decisão veio após a prisão do bicheiro pela Operação Furacão, da Polícia Federal, que devassou as finanças e as conexões de uma dezena de bicheiros do Rio.

Durante os preparativos para o Carnaval 2012, outra operação policial foi deflagrada tendo entre seus alvos o bicheiro Aniz Abraão David, o Anísio, da Beija-Flor, o contraventor Luizinho Drummond, da Imperatriz Leopoldinense, e Hélio de Oliveira, o Helinho da Grande Rio. Hoje, todos eles estão soltos. Anísio continua exercendo sua influência na Beija-Flor, mas tem evitado a exposição pública. Helinho mantém-se afastado da Grande Rio. Já Luizinho Drumond segue firme como presidente da Imperatriz Leopoldinense, que no enredo desse ano homenageia o jogador Zico.

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