Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A ‘Beleza Adormecida’ (e nua) de Emily Browning

No filme que estreia no Brasil, a atriz australiana aparece completamente sem roupa, e diz que se sentiu muito mais à vontade assim do que com os figurinos de 'Sucker Punch'

Por Carlos Helí de Almeida
1 abr 2012, 12h43

“Claro que a gente fica nervosa com a ideia da exposição no início mas, depois da primeira cena nua você se dá conta de que está entrando em um mundo diferente, não real, e aquela pessoa que está sem roupa não sou eu, não me incomoda mais. Acho mais chocante quando me vejo na tela grande. Mas enquanto estou filmando, não”

Depois de usar os figurinos provocantes de Sucker Punch – Mundo Surreal (2011), a fantasia com cara e propostas de videogame de Zack Snyder (o mesmo de 300), Emily Browning surge nua em pelo em Beleza Adormecida, um passo mais sério e ousada na carreira da jovem e promissora atriz australiana de 23 anos. No drama dirigido pela estreante Julia Leigh, em cartaz nos cinemas brasileiros a partir desta sexta-feira (30), Emily dá corpo, literalmente, a Lucy, uma jovem universitária de aparência apática que, para sustentar-se, trabalha em um bar, em um escritório e, eventualmente, prostitui-se.

A atriz tinha 15 anos de idade quando interpretou uma das crianças perseguidas por Jim Carrey em Desventuras em Série (2004), um filme feito para agradar crianças. Mas foi com o papel de Babydoll na fantasia quase erótica de Snyder, um dos blockbusters de 2011, que Emily ganhou fãs entre adolescentes e adultos. Com Beleza Adormecida, no qual sua personagem ser arrisca a ser sedada para ser oferecida às perversidades de homens mais velhos, ela tira a roupa por uma boa causa. “Aqui, a nudez tem um sentido, porque fala de uma geração de jovens que enfrentam o perigo para vencer o tédio”, explicou a a bela atriz durante o Festival de Cannes, onde o filme competiu pela Palma de Ouro.

Novamente a vemos em um papel intenso, que envolve pouca roupa e sensualidade. Os personagens femininos e doces não a atraem?

Não se engane, adoro me vestir bem. Mas, em termos de trabalho, interpretar personagens fofinhas, garotas ingênuas e adoráveis não é a minha praia. Aliás, não poderia pensar em nada pior do que um papel doce e romântico. Na nossa indústria se você não tem paixão pelo que faz o trabalho vira uma coisa triste. Se você está nela apenas pelo dinheiro ou pela exposição que ela lhe dá, pode ser tornar uma atividade devastadora. Estou mais interessada em papéis desafiadores. Esse Beleza Adormecida é um grande desafio. Queria saber até aonde consigo ir.

Então você não hesitou diante da quantidade de cenas de nudez contidas no roteiro?

Não houve hesitação alguma. Já estava na metade da leitura do roteiro quando senti que deveria fazer esse filme, mesmo sem ter a menor ideia de quem iria dirigi-lo. A única informação que tinha sobre o projeto é que seria dirigido pela mesma pessoa que o escreveu. Mas eu queria fazer parte daquela história, justamente porque ela me fazia sentir fisicamente desconfortável. Vejo essa atração por esse tipo de desconforto como um bom sinal. Então conhecia a (diretora) Julia, e senti uma ligação imediata com ela. Confiei nos instintos dela.

Nudez ainda é um tabu em cinema?

Não vejo problema algum em nudez, quando usada adequadamente. Mas percebo que na Austrália, de onde venho, as pessoas ainda se incomodam com filmes com cenas de nudez. Nos Estados Unidos é pior ainda. O preconceito é menor com o cinema europeu. A verdade é que é muito comum as pessoas chegarem para mim e dizerem: “Mas você não sente que estão explorando seu corpo?”. Discordo inteiramente dessas pessoas.

Mesmo em um filme como este, em que sua personagem fica inteiramente à mercê dos desejos e perversidades de homens bem mais velhos?

Tenho controle absoluto sobre os personagens que faço e, no caso de Beleza Adormecida, eu confiava plenamente na visão da Julia. Acho que é muito mais libertador interpretar papéis nos quais me sinto tão à vontade a ponto de ficar inteiramente nua. Eu me sentiria muito mais explorada, mais usada, fazendo papéis vazios e tolos numa comédia romântica, por exemplo, servindo apenas como uma coisa atraente para os olhos. Isso sim me parece mais ofensivo. (risos) Em Beleza adormecida, as cenas de nudez não são furtivas, de modo algum. E eu não me acho sexy nas sequências que se passam dentro do quarto de dormir do prostíbulo de luxo do filme. O que acontece lá é nojento, é perturbador, mas é apenas humano. Não tenho problemas com isso.

O que você faz para vencer a timidez em um set em que precisa tirar a roupa?

Eu me sinto mais confortável inteiramente nua em um set do que quando preciso usar lingerie em cena. Na época em que precisei me vestir de modo muito sexy em Sucker Punch eu me senti muito mais insegura do que filmando as cenas de nudez em Beleza Adormecida. Claro que a gente fica nervosa com a ideia da exposição no início mas, depois da primeira cena nua você se dá conta de que está entrando em um mundo diferente, não real, e aquela pessoa que está sem roupa não sou eu, não me incomoda mais. Acho mais chocante quando me vejo na tela grande. Mas enquanto estou filmando, não.

É verdade que você queria ser estilista antes de se tornar atriz?

Sim. Mas isso aconteceu quando eu era muito pequena. Minha avó era costureira e tinha muito talento para fazer roupas. Eu comecei a atuar aos 8 anos de idade mas, antes disso, costumava desenhar vestidos o tempo todo, alguns bem ridículos e os dava para minha avô fazê-los para mim. Naquela época, eu estava bastante envolvida com a ideia de um dia virar estilista de moda, mas ai a arte dramática encontrou no caminho e me dominou. Mas ainda tenho um interesse muito forte por moda. Hoje em dia, eu esbarro com estilistas que admiro, como Marc Jacobs e fico tão intimidada com o talento dessas pessoas que penso que foi melhor ficar no campo da interpretação. (risos)

Está satisfeita com os rumos de sua carreira?

Na verdade, não tenho planejado nada. Eu me oriento pelos roteiros que gosto. Sucker Punch foi um projeto especial para mim, na época, porque me diverti muito e adoro o (diretor) Zack (Snyder) e as garotas que dividiram o filme comigo. Mas não acho que farei um outro grande filme hollywoodiano tão cedo. Acredito que Beleza Adormecida é mais representativo do tipo de trabalho que gostaria de continuar fazendo daqui por diante.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.