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32ª SPFW começa com ausência de Ronaldo Fraga

Após 17 anos, estilista pula uma edição do evento para escrever um livro e reorganizar ideias sobre a moda, que, para ele, “acabou”. Paulo Borges, o pai do SPFW, põe panos quentes: “O Ronaldo é muito dramático”

Por Daniela Arrais
19 jan 2012, 16h12

A São Paulo Fashion Week (SPFW), o mais importante evento do calendário da moda brasileira, chega à sua 32ª edição com uma questão metalinguística. “A moda acabou?” foi a pergunta lançada pelo estilista Ronaldo Fraga ao anunciar que deixaria de participar desta edição do evento. Pergunta que reverbera junto a outros profissionais do setor, como a personal stylist Fernanda Resende. “Entendo esse texto do Ronaldo como se hoje pouco importasse o que está na passarela”, diz. Mas recebe panos quentes das mãos do empresário Paulo Borges, o idealizador da SPFW. “O Ronaldo é muito dramático”, diz.

Fraga, que não quis comentar sua ausência, divulgou em dezembro uma carta anunciando que daria um tempo das passarelas, após 17 anos, para se concentrar no lançamento do livro Caderno de Roupas, Memórias e Croquis. O estilista costumava fazer um dos desfiles mais falados das temporadas. “A moda acabou? Pelo menos da forma como a conhecemos, acredito que sim”, disse ele na carta com tom de manifesto. “O desenho de um novo tempo nos pede novas funções para roupas, corpos, móveis e imóveis.”

Para a personal stylist Fernanda Resende, a saída de Fraga faz com que o meio da moda pare para se repensar, também. “Todo mundo tem acesso à moda pela internet, e parece que agora importa mais a maneira como a gente usa as roupas, e não o excesso que é apresentado em uma semana de moda. Tanto é que tem mais gente interessada em ver o que as pessoas usam nos corredores da SPFW do que na passarela.”

Ela acrescenta que aquilo que Fraga faz é apresentar conceitos, e não looks prontos para usar. “Quando ele mostra uma coleção, ele faz diferença, porque sempre coloca muito de emoção nas roupas. Todas as escolhas dele, do tecido à trilha sonora, são autênticas e cheias de referências. E é sempre bom ver estilistas que têm essa relação com a moda”, completa. Nesta temporada, a personal stylist diz que vai buscar esse tipo de emoção em desfiles de Neon, Osklen, Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço, Glória Coelho e Pedro Lourenço.

Paulo Borges, por sua vez, contemporiza a questão levantada por Ronaldo Fraga. “Eu fico muito triste sempre que um estilista decide não participar. Mas a moda é muito maior do que eu, do que uma pessoa com um único projeto, e daqui a pouco ele volta com a cabeça reorganizada. Eu conheço o Ronaldo intimamente, ele é muito dramático, muito bucólico”, diz. “Moda como processo criativo e de desenvolvimento não acabou nem vai acabar nunca, independente de mim, do Ronaldo. O processo é inerente às pessoas.”

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Estreia – Enquanto uns saem, outros chegam. Além da volta da Uma/Raquel Davidowicz, a temporada de inverno do SPFW marca a estreia de Rodrigo Rosner, 33. “Depois de três anos e meio na Casa de Criadores, percebi que era o momento de mudar de endereço. A ideia inicial era fazer um desfile para mostrar a nova coleção, mas ainda estava pensando no local quando recebi o convite da Luminosidade (empresa de Paulo Borges) para integrar a SPFW. Estou bastante feliz com a estreia”, diz Rodrigo Rosner.

A inspiração para os vestidos veio da obra do artista plástico Abraham Palatnik e de um livro de ilustrações de mariposas. “A coleção traz peças de moda festa, com sobreposições de tecidos, mangas com volumes, cintura marcada, comprimentos longos ou mini e bordados decorativos como principais características”, afirma.

Tendências – A relações públicas da agência de tendências e consumo WGSN, Carol Althaller, antecipa o que o público vai ver nas passarelas. “A gente vai ver muita inspiração nos anos 1960. Cores vivas, como vermelho, além de branco e preto, prata”, adianta. Estilistas também devem olhar para o passado, como se estivessem lá e pensassem sobre o futuro. “Vemos influências fortes de couturiers como Balenciaga, com brocados e jacquartas, silhuetas esculturais. Vemos também uma influência grande do rococó, do barroco, do período eduardiano.”

Carol lembra que no Fashion Rio já deu para ter uma ideia das tendências. Os looks com inspiração tribal aparecem com força. “É um movimento que chamamos de tribal artisan, que tem um feeling de artesanal, funciona como uma reação ao excesso diário de tecnologia”, diz ela. E como isso aparece nas roupas? Em estampas tribais, é claro, em tons terrosos, peças rústicas e muito ouro velho.

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Além de uma nova paleta de cores, as marcas, como em edições anteriores, apostam na presença de celebridades para alavancar a audiência de seus desfiles. A modelo e atriz Rosie Huntington-Whiteley, que substituiu Megan Fox na saga Transformers, abre o evento desfilando para a Animale. Ashton Kutcher deve figurar na primeira fila da Colcci, que terá também a top Alessandra Ambrósio na passarela.

Exposição – Esta edição do evento propõe “uma reflexão sobre a riqueza e a diversidade do processo criativo e dos pensamentos que alimentam ideias e inventam soluções e novos mundos” e celebra o poder da inteligência que é capaz de tudo. Para propor essa reflexão na prática, o SPFW faz a exposição “Universo Criativo – Projeto Brasil 2”, com instalações em mosaicos feitas por vários artistas, que refletem sobre criação e referências.

A mostra vai ocupar uma área de mais de 3.000 m² no piso térreo do prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera. No período da semana de moda, a exposição será para convidados, e de 25 de janeiro a 10 de fevereiro, ficará aberta ao público, com entrada gratuita.

A programação também se espalha por outros cantos da cidade, como o Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu, que recebe uma exposição de camisetas de clube, uma oficina de origami para que crianças aprendam a fazer uniformes e uma palestra sobre como o futebol de várzea influencia a moda na periferia.

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(Com colaboração de Raissa Pascoal)

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