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Oficial da PM: heroísmo e estabilidade no emprego

Por André Pontes
2 fev 2010, 14h16

Nesta quarta-feira, a Fuvest – mais importante vestibular do país – divulga a lista de aprovados de 2010. Uma das carreiras a que o exame garante acesso chama a atenção pela acirrada concorrência de candidatos: oficial da Polícia Militar do estado de São Paulo. Segundo dados oficiais, 30 vestibulandos disputaram cada uma das 90 vagas do curso. A taxa fica muito próxima da registrada por medicina (35 candidatos/vaga), uma das mais prestigiadas e concorridas carreiras do vestibular paulista.

Sonho de ser herói, estabilidade profissional típica do funcionalismo público e salário relativamente alto. Esses três fatores animam os 2.500 candidatos a oficiais da PM. “O jovem é mais onipotente, acha que pode tudo. Muitos ainda escolhem a carreira de policial para se tornar heróis, para ajudar a população”, diz a consultora Marisa da Silva, da Career Center, empresa especializada em gestão estratégica de carreiras e recursos humanos. “Por outro lado, ser oficial da Polícia Militar traz ao jovem a segurança do funcionalismo público. Ou seja, demissão é uma preocupação que não faz parte das vidas desses profissionais.”

O coronel César Tavares, comandante da Academia Barro Branco, que forma os oficiais paulistas, acrescenta outra razão para a alta concorrência. “É uma carreira que está sempre em desenvolvimento, com atividades novas, e isso chama atenção da juventude”, diz o coronel. “Um oficial pode trabalhar no policiamento ostensivo, choque, tática, cavalaria, bombeiro, ambiental, rodoviária e mais uma dezena de subáreas.”

Ao sair da Academia, o salário do jovem aspirante gira em torno de 2.500 reais – se tivesse optado pela carreira de engenharia eletrônica entraria no mercado com 2.800 reais. Um ano depois, ao ser promovido a segundo-tenente, passa a receber 3.000 reais. O vencimento aumenta de acordo com o tempo de serviço prestado, e em dez anos é possível atingir o posto de capitão, com 6.000 reais mensais. O avanço a partir daí depende de estudo contínuo e pode levar o militar ao posto máximo da corporação, o de coronel, com salário inicial de 9.500 reais. A jornada rumo ao topo pode consumir 30 anos.

Vida na caserna – Os candidatos aprovados na Fuvest precisam enfrentar ainda uma bateria de exames físicos, psicológico, médico e uma “investigação social”. “Buscamos tudo na vida do garoto, desde sua infância. Se ele teve algum desvio de conduta, será reprovado. Se é uma pessoa violenta, também está fora”, explica César. “Temos que escolher os melhores homens para lidar com os conflitos da sociedade.”

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Durante os quatro anos de academia, o estudante vive em sistema de internato e só volta para casa nos finais de semana. A rotina é de quartel: alvorada às 5h50, seguida por banho e café da manhã; às 7h20, revista geral dos superiores e odens do dia; às 7h45, período matutino de aulas, até às 12h30. O horário de almoço vai até às 14h. Em seguida, mais aulas, até às 17h; entre este horário e às 18h30, atividades esportivas; às 19h30, jantar, seguido de horário livre para estudar. Às 22 horas, toque de recolher: com as luzes apagadas, todos devem ir para cama.

Nos quatro anos de estudo, os aspirantes a oficiais têm aulas de ciências jurídicas, direitos humanos, ciências sociais e políticas, além de gestão policial. São 5.987 horas-aulas. O aluno também vai a campo, numa espécie de estágio. “São os nossos alunos que fazem a segurança do Sambódromo durante o carnaval de São Paulo, e do Autódromo de Interlagos, na Fórmula 1”, diz César Tavares.

Depois de formados, os oficiais vão a campo junto com praças (soldados, cabos e sargentos), assumindo sempre as funções de planejamento e retaguarda. De acordo com dados da Polícia Militar de São Paulo, em 2009, dois oficiais morreram em combate – ante a 14 praças. Há 5.448 oficiais na PM, e 93.000 praças.

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