MEC amplia história mundial em novo currículo nacional
Após críticas sobre a estrutura e conteúdos da proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNC), ministério publicou primeiras revisões do documento
Após uma série de críticas, o Ministério da Educação (MEC) decidiu incluir algumas sugestões de alterações na proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNC). As mais importantes dizem respeito à ampliação do conteúdo de história, que deve ter a parte de história mundial ampliada, à introdução de tópicos de análise linguística na seção de linguagens e à estrutura geral que, de acordo com o MEC, precisa ser mais clara em relação a seus princípios e definir melhor a articulação entre as etapas de escolarização e a progressão dos conhecimentos ano a ano.
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A BNC vai estabelecer os conhecimentos e habilidades essenciais que todos os estudantes devem aprender na educação básica. História foi uma das áreas mais criticadas, por ignorar alguns pontos de conhecimento geral, para se voltar para história indígena e africana. Em construção desde o ano passado, o documento deve ser encaminhado até o meio do ano para o Conselho Nacional de Educação (CNE). Desde que abriu consulta popular pela internet, o governo recebeu mais de 10 milhões de contribuições no site basenacionalcomum.mec.gov.br.
Essas colaborações foram consideradas pelo MEC ao divulgar na última terça as diretrizes da revisão da primeira versão. Também foram considerados relatórios de um grupo de professores e pesquisadores convidados para atuar como revisores técnicos.
Os encaminhamentos gerais de revisão são divididos por áreas. As indicações partem de uma lista resumida de demandas “principais” surgidas no processo de consulta. “Para os componentes de história e geografia, o processo de revisão tem se dado no sentido de mostrar as formas de integração entre o Brasil e processos históricos globais”, afirma, por exemplo, parte do texto do bloco de ciências humanas. Além disso, a revisão também deve ter uma melhor adequação de temporalidade no currículo, ponto criticado anteriormente.
Discussão – Quando a primeira versão da Base veio a público, em setembro de 2015, o então ministro Renato Janine Ribeiro impediu a divulgação da parte de história. Confirmando que haveria mudanças no texto, o atual chefe da pasta, Aloizio Mercadante, também disse que o texto apresentava falhas. O mesmo ocorria com o bloco de língua portuguesa.
Em linguagens, a crítica maior era pela ausência de gramática. O documento de revisão fala, entre outros pontos, que serão introduzidos tópicos de análise linguística em todas as etapas de escolarização.
Na educação infantil, a revisão deve diferenciar melhor o trabalho realizado com bebês e com crianças entre 4 e 5 anos. Também se propõe a explicitar como essa etapa se articula ao ensino fundamental, sobretudo à leitura e escrita. A consulta popular reuniu 120.000 contribuições de reformulação e outras 20.000 sugestões de novos objetivos. Um grupo coordenado pela Universidade de Brasília (UnB) trabalha ainda na organização das colaborações, que se estenderá até abril.
Com relação à estrutura geral da Base, o MEC definiu que precisa de “maior clareza” quanto aos princípios do documento, além de precisar esclarecer qual é sua natureza. Uma melhor articulação entre as etapas de escolarização e a importância de evidenciar progressão dos conhecimentos a cada ano e etapa também aparecem para a revisão.
Para Priscila Cruz, do Movimento Todos Pela Educação, o principal desafio será no conteúdo do ensino médio. “Ao mesmo tempo, estamos discutindo no Congresso a reformulação do ensino médio e os dois documentos são incompatíveis”, diz. Conforme o MEC, a segunda versão seguirá para debates nas Secretarias de Estado. Só a partir disso haverá uma terceira e uma última versão.
(Com Estadão Conteúdo)