Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A morte precoce de um prodígio da matemática

A iraniana Maryam Mirzakhani, única mulher a receber a Fields, medalha que é o Nobel dos matemáticos, morre de câncer aos 40 anos

Por Isabela Izidro
Atualizado em 25 jul 2017, 13h38 - Publicado em 18 jul 2017, 20h41

No muito restrito olimpo dos gênios da matemática, mulheres são uma raridade. E a conta ficou ainda menor na sexta, dia 14, quando a genial iraniana Maryam Mirzakhani morreu na Califórnia. Ela tinha apenas 40 anos e estava no auge. Em 2014, fez parte do quarteto de matemáticos — sendo um deles o brasileiro Artur Ávila — agraciado com a medalha Fields, a honraria máxima, equivalente a um Nobel. Quando subiu no palco de Seul, Coreia do Sul, para receber sua medalha, a primeira e única mulher a conseguir esta proeza, ela já lutava há um ano contra o câncer de mama que viria a lhe tirar a vida. “Seu trabalho foi de imenso impacto. Sem medo, fugindo da exposição, ela encarava problemas que a maioria considera fora de alcance”, elogia Ávila, que a conheceu em uma olimpíada internacional onde ambos, adolescentes, ganharam ouro.

A área de estudo de Maryam era a de sistemas complexos na geometria e na dinâmica. No comunicado da Universidade de Stanford, onde ela pesquisava e dava aulas, seu campo de especialização foi descrito como “a matemática teórica que soa como outra língua para quem é de fora”. Para Maryam, no entanto, era puro prazer. “Enxergar a beleza da matemática demanda energia e esforço”, disse em certa ocasião. Em outra, declarou sobre desvendar questões dificílimas: “É divertido, como montar um quebra-cabeça ou ligar os pontos em uma história de detetive”.

Maryam nasceu, estudou e se formou em Teerã, a capital do Irã . Deixou de querer ser escritora quando tomou ciência do talento para a matemática. Na primeira olimpíada internacional de que participou, aos 14 anos, ganhou um ouro; na segunda, além de repetir a dose, cravou um raríssimo “ouro 42” – acertou todas as questões. Depois de formada, mudou-se para os Estados Unidos, onde fez doutorado em Harvard. Ela não era muçulmana e se casou nos Estados Unidos com o também matemático checo Jan Vondrák, com quem teve uma filhinha, Anahita, de 6 anos.

Pequenina, cabelo curto, não usava joias nem maquiagem e tinha o hábito de trabalhar sentada no chão, rabiscando folhas de papel — suas “pinturas”, segundo Anahita. “Maryam era fora de série. Seu trabalho sobre fluxos de Teichmüller, uma área muito bonita e muito sofisticada da matemática, levou a teoria a um nível de profundidade que poucos acreditavam possível. Infelizmente, partiu cedo demais”, diz Marcelo Viana, diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.