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Tirar Mantega da Fazenda não significa reconhecer erros

Governo sinaliza saída de ministro como forma de promover reconciliação com mercado; há, inclusive, postulantes ao cargo à espreita

Por Luís Lima e Naiara Infante Bertão
5 set 2014, 21h33
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  • A sinalização da presidente Dilma de que, caso reeleita, trocará a equipe econômica, não representa alento para o mercado, segundo economistas ouvidos pelo site de VEJA. A presidente afirmou que, na hipótese de um novo governo, traria uma equipe nova. Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, o ministro Guido Mantega seria um dos primeiros a cair. Como empresários e investidores têm sido os maiores críticos da política econômica petista, a estratégia da campanha é oferecer a cabeça daquele que seria o autor dos sucessivos erros que levaram o país, hoje, à recessão técnica. Logo nos dois primeiros anos de governo Dilma, a revista britânica The Economist e o jornal Financial Times, dois dos mais respeitados meios de comunicação do Ocidente, chegaram a pedir, em editoriais, que a presidente demitisse o ministro. O governo se sentiu afrontado e enviou resposta ao FT valendo-se de duras palavras. Agora, Mantega é oferecido de bandeja para sossegar os ��nimos daqueles que foram prejudicados por suas políticas.

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    A contradição é que, ao sinalizar a saída de Mantega ainda em campanha, a presidente Dilma parece não atinar que os mesmos entes do mercado que criticam o ministro da Fazenda também estão a par de que a autoria de muitas das políticas que levaram o Brasil ao esgotamento foram orquestradas por ela. E, mais preocupante, devem continuar sendo levadas adiante caso haja um novo mandato, conforme mostra o programa de governo de Dilma. “Falta humildade e autocrítica. O que temos visto nos debates e entrevistas é que a presidente evita reconhecer os problemas da economia brasileira”, afirma o economista Roberto Giannetti da Fonseca, da consultoria Kaduna. Contudo, Giannetti acredita que, caso a presidente reconheça seus erros, será possível encontrar muitas pessoas no mercado capacitadas para substituir os quadros.

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    O site de VEJA apurou que, nos bastidores, quem mais tem se movimentado para postular-se ao cargo é Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo da Fazenda. Economista respeitado tanto pela academia quanto por empresários, Barbosa saiu do governo em 2012 após ter escancarado diferenças de ideias com a própria presidente. Com sua saída, Dilma passou a ser aconselhada pelo secretário do Tesouro, Arno Augustin. O resultado está aí: inflação no teto da meta, contas públicas na UTI e recessão. Em São Paulo, Barbosa tem se reunido com empresários e demonstrado o interesse de ouvir e reconhecer o que está indo mal. Chegou a reunir-se com Lula para pedir sua benção. Até o momento, parece que o flerte está funcionando. Paulo Caffareli, ex-presidente do Banco do Brasil que substituiu Barbosa na Fazenda também deve permanecer na pasta, na hipótese de Dilma se reeleger. O mesmo não se pode dizer de Arno Augustin – o mais cotado para sair, depois de Mantega.

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    O professor da Fundação Getulio Vargas e sócio da GO Associados, Gesner Oliveira, pondera que a mudança planejada por Dilma deve ir além da troca de equipe e englobar três medidas: foco na austeridade da política fiscal; aceleração do programa de concessões de infraestrutura e um resgate da credibilidade dos índices e projeções oficiais. “Há um estarrecimento em relação a algumas afirmações do governo, como, por exemplo, a de que a economia vai bem, o emprego cresce e de que não estamos em recessão”, afirma. “Ou vivemos em países diferentes ou há problemas nos diagnósticos”, diz. Tal renovação teria, inclusive, um efeito psicológico importante para o mercado, na avaliação do economista Antônio Corrêa de Lacerda, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Sinaliza um aperfeiçoamento da política”, diz.

    A mudança pleiteada pelo mercado é que o Brasil altere a base de sua política econômica de consumo para investimentos, com a volta da segurança jurídica. “Não interessa mais a expansão de crédito, e sim a atração de crédito”, afirma Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da consultoria Barral MJorge Associados. “O desafio para qualquer candidato é ter uma equipe econômica que tenha imaginação suficiente para mudar a orientação atual da política econômica para a lógica de investimento; tenha aceitação não só no mercado financeiro, mas também na economia real; percepção política e trânsito no Congresso”, conclui.

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