Para a S&P, o governo americano dá sinais de que não ainda há acordo sobre como reverter a deterioração fiscal do país, nem aponta soluções para pressões de longo prazo
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A agência de classificação de risco Standard & Poor’s anunciou que rebaixou de ‘estável’ para ‘negativa’ a perspectiva de rating de crédito soberano de longo prazo dos Estados Unidos. Em outras palavras, a S&P sinaliza que poderá piorar a nota da dívida americana. As razões apontadas para a decisão foram o persistente déficit orçamentário e o elevado endividamento do país. No informe divulgado nesta segunda-feira, a classificação, por enquanto, foi mantida em AAA. Para o endividamento de curto prazo, o rating também foi mantido em A-1+.
De acordo com a agência, mesmo após dois anos após a eclosão da crise financeira que abalou o mercado de hipotecas dos EUA, o governo do presidente Barack Obama dá sinais de que não chegou num acordo sobre como reverter a deterioração fiscal por que passa o país atualmente, nem aponta soluções para as pressões fiscais de longo prazo. O governo dos Estados Unidos reagiu à notícia alegando que a S&P “subestima” a capacidade de Washington de reduzir seu déficit orçamentário.
A S&P avalia como pontos positivos os fatos de a economia dos EUA ainda ser “flexível, diversificada e com altas receitas” e estar respaldada por uma política monetária “prudente e crível” – o que se evidencia, segundo a empresa, por sua “habilidade de manter o crescimento enquanto contém as pressões inflacionárias”.
Ainda assim, a agência destaca que não poderia evitar uma revisão da perspectiva da dívida. “Embora consideremos que os pontos positivos são maiores que os riscos fiscais e econômicos – e os relativos à grande dívida externa dos Estados Unidos -, acreditamos estes poderiam não compensar completamente os riscos de crédito nos dois próximos anos para manter o nível ‘AAA'”, justificou o analista de S&P, Nikola Swann.
Riscos – A agência advertiu que há um alto risco de os legisladores dos EUA não chegarem a um acordo em como resolver os desafios orçamentários tanto para médio quanto longo prazo para 2013.
“Mais de dois anos depois do começo da crise, os legisladores americanos ainda não chegaram a um pacto para reverter a atual deterioração fiscal e resolver as pressões fiscais de longo prazo”, acrescentou Swann.
A S&P advertiu que, se até 2013 os Estados Unidos não chegarem a um acordo sobre o assunto e não começarem a implementar as medidas cabíveis, “o perfil fiscal americano seria substancialmente mais frágil que a das classificações ‘AAA'”.
Orçamento – A agência reconheceu que o presidente Barack Obama tornou público seu plano de corte da dívida em 4 trilhões de dólares nos próximos 12 anos, mas garantiu que estas propostas são apenas um ponto de partida. “O caminho para chegar a acordos continua a ser um desafio porque as diferenças entre ambos os partidos (democrata e republicano) ainda são muito grandes”, diz a empresa em nota.
Assim, S&P acredita que os primeiros orçamentos dos Estados Unidos que poderiam incluir medidas para diminuir os desafios fiscais de médio prazo poderiam ser os de 2014 ou posteriores. “Mesmo que os legisladores americanos cheguem a um acordo nas estratégias de consolidação fiscal, acreditamos que implementar essas medidas pode levar tempo, como demonstra a experiência em outros países”, apontou a agência.
A S&P prevê que o déficit do governo americano possa cair gradualmente, mas seguirá acima de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2013. Como resultado, a dívida do país alcançaria 84% do PIB para este ano, levando em conta que a agência espera um crescimento anual próximo de 3% nos EUA.
Mercados – A notícia do rebaixamento da perspectiva de rating da dívida americana piorou os humores nos mercados internacionais. Os investidores já se encontravam desconfortáveis antes as informações de uma reestruturação da dívida da Grécia e o aumento do compulsório na China. O relatório da S&P aumentou significativamente a aversão ao risco dos investidores. A explicação é que os títulos do Tesouro americano são considerados os ativos menos arriscados do mundo. A perspectiva negativa para esses papéis cria uma sensação de enorme insegurança.
Com isso, as ações em Wall Street abriram o pregão desta segunda-feira em forte baixa. Por volta das 13h em Nova York, o índice Dow Jones despencava 220 pontos, o que implica uma perda de 1,78%, para 12 122 pontos. A Nasdaq cedia 1,88%, para 2 713 pontos e a S&P 500 declinava 1,64%, para 1 298 pontos. Na esteira das bolsas americanas, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo caía 2,13% para 65 264 pontos.
As bolsas europeias fecharam com significativa desvalorização. O índice Dax da bolsa de Frankfurt fechou em queda de 2,11%, a 7 026,85 pontos. Em Londres, o índice Footsie 100 perdeu 2,10% a 5 870,08 pontos. O CAC-40 de Paris regrediu 2,35%, a 3 881,24 pontos. Milão caiu 2,92%, a 21 184 pontos, em Madri, o índice Ibex 35 perdeu 2,02%, a 10 344,90 pontos.
(com AFP e EFE)