O mercado financeiro se animou com o resultado da última pesquisa Ibope, que mostrou a ampliação da vantagem do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, sobre o petista Fernando Haddad nas intenções de voto. O dólar iniciou o dia em queda e o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, opera em alta.
Às 14h20, a moeda americana era cotada a 3,92 reais, com queda de 2,49%. Já o Ibovespa registrava alta de 3,53%, aos 81.393,27 pontos.
Na noite de segunda, pesquisa do Ibope mostrou que as intenções de voto em Bolsonaro subiram de 27% para 31%, enquanto Haddad permaneceu estacionado em 21%.
“A pesquisa foi excelente para Bolsonaro. Criou expectativa de vitória no primeiro turno, o que vai animar seus apoiadores e provavelmente esvaziar outros candidatos. Ou seja, a tendência é Bolsonaro subir mais e ficar próximo da vitória no primeiro turno, embora isto ainda não seja o mais provável. Se não acontecer, entrará embalado no segundo turno, com ares de favorito”, afirma relatório da Guide Investimentos.
De acordo com a H.Commcor Corretora, o aumento da rejeição a Haddad também animou os investidores. “Além desse desempenho, fortalece o potencial otimismo a disparada na taxa de rejeição do petista Haddad, o qual viu esse indicador subir de 27% para 38%, aproximando-se dos 44% (estáveis) de Bolsonaro. Em síntese, temos uma pesquisa voltando a fortalecer o
‘candidato do mercado’, mas com seus efeitos ‘desafiados’ pelo movimento externo e a própria cautela com as próximas pesquisas”, diz relatório da corretora.
Candidato outsider
Apesar de todo o otimismo do mercado, a agência de classificação de risco S&P Global acredita que uma eventual eleição de Bolsonaro pode criar um prognóstico negativo para a economia brasileira. A agência, que coloca o Brasil três degraus abaixo da nota mínima para receber investimento de grandes fundos globais, afirma que o “outsider” pode sofrer resistências políticas e ter dificuldades em cumprir seu plano de governo.
Nesta segunda-feira, em uma teleconferência, o analista da agência, Joydeep Mukherji, afirmou que o candidato do PSL deve sofrer mais do que Haddad para aprovar medidas. “Apesar da alta rejeição dos candidatos, e não sabemos quem irá ganhar, o candidato do PT não é um outsider, mas Bolsonaro é um outsider. Isso aumenta o risco de falta de coerência ou de atrasos em realizar o que é necessário após as eleições”, disse.
A S&P teme que a crise fiscal piore, acarretando maiores problemas econômicos e sociais. Uma das preocupações é o compromisso com a reforma da Previdência, um dos carros-chefe do presidente Michel Temer para conquistar o apoio do mercado financeiro – e que o governo do emedebista não conseguiu aprovar.
“O Brasil tem problemas imensos para tratar. Econômicos; sociais. É uma agenda grande que o novo líder terá de lidar com um novo Congresso”, disse Mukherji. “Essa é nossa preocupação. Não sabemos em quanto tempo o novo presidente conseguirá lidar com essas questões.”
Também nesta segunda, a S&P reduziu sua expectativa de crescimento do Brasil neste ano. Antes, a agência esperava uma alta do PIB de 1,8%. Agora, apenas 1,4%. Os problemas fiscais e a dificuldade em retomar um crescimento mais vigoroso são alguns dos motivos que levaram a S&P a reduzir para BB- a nota de risco soberano brasileira – três níveis abaixo do chamado “grau de investimento”.