A falta de chuvas espalha prejuízos por todo o interior do Estado de São Paulo. O transporte de cargas pela Hidrovia Tietê-Paraná está paralisado em Araçatuba, noroeste paulista. O prejuízo direto chega a 200 milhões de reais. As cargas de grãos e outros insumos estão seguindo para Santos pelas rodovias. De janeiro a junho deste ano, o volume de cargas transportadas pela hidrovia caiu de 2,69 milhões para 2,33 milhões de toneladas. A diferença, de 360 mil toneladas, equivale a 10 mil caminhões.
A falta de água afeta diretamente a economia dos dezenove municípios que estão oficialmente em racionamento. Desses, doze ficam na região de Campinas. Desde abril, pelo menos 3 mil postos de trabalho foram fechados, segundo o diretor de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Eduardo San Martin. Ele acredita que as dispensas têm relação com a crise hídrica porque a emissão de outorgas para captação de água para uso industrial foi suspensa.
Em Itu, região de Sorocaba, a prefeitura foi obrigada a suspender por 120 dias a autorização de novos empreendimentos imobiliários. A cidade está em racionamento severo desde o início de fevereiro. De acordo com o Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) de Sorocaba, se a suspensão persistir, as empresas que estão construindo e utilizariam a mão de obra em novos empreendimentos terão de dispensar funcionários. Já em Sorocaba, o racionamento atinge o distrito industrial e afeta mais de 200 indústrias.
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Nas regiões agrícolas há escassez de água até para manter em operação os equipamentos de irrigação. Produtores de milho, como José Luiz Confortini, de Capela do Alto, teve de adotar o racionamento na lavoura. No Estado, a estiagem prolongada causou perdas de até 25% na safra de café, de 10% nas plantações de cana e de 10% no trigo, segundo dados parciais da Secretaria de Agricultura.
Em algumas regiões as perdas foram mais severas, como em Bragança Paulista, onde a quebra na safra de milho chegou a 50%. Produtores de tilápias da região de Avaré tiveram de remover as criações e reduzir o número de viveiros. E plantações de laranja não irrigadas perderam parte da florada, o que já indica quebra de produção.
Em paralelo, os gastos com óleo diesel e energia elétrica elevaram os custos da produção.
(Com Estadão Conteúdo)