O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a retomada do investimento já começou no país, após o indicador registrar a pior retração em mais de três anos no terceiro trimestre, prejudicando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no período.
“A recaída da crise internacional, que se deu em 2011 e 2012, prejudicou o ritmo dos investimentos neste ano, mas a retomada já começou”, afirmou Mantega em discurso de premiação na noite da segunda-feira em São Paulo. “Qualquer economista iniciado sabe que, em períodos de crise importantes, o investimento é o primeiro a se retrair e o último a voltar, depois que o consumo e a indústria reaceleram”, completou.
O ministro comparou ainda este ano a 2009, quando o investimento só foi retomado no último trimestre. Mantega afirmou também que, desde que assumiu a pasta da Fazenda, em 2006, não faltaram investimentos até 2011. “Nosso PIB cresceu em média 4,2% ao ano (de 2006) até 2011, uma das maiores médias de nossa história”, disse. “E foi o investimento que puxou o crescimento nesse período, com uma expansão de 9,5% ao ano em média, mais do que o dobro do crescimento do PIB.”
Entre julho e setembro deste ano, a formação bruta de capital fixo, uma medida de investimentos, caiu 2%, registrando a queda trimestral mais forte desde o primeiro trimestre de 2009, quando despencou 11,9% por conta do auge da crise internacional. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira, com o anúncio do crescimento de 0,6% do PIB no período em relação ao trimestre anterior.
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Crise à distância – Mantega citou ainda a redução do desemprego e o aumento da renda no país, com consequente diminuição da desigualdade, como indicadores positivos de que o Brasil está se tornando “um grande país de classe média”. “A verdade é que a população brasileira conhece mais a crise pelos veículos de comunicação do que pelo seu dia a dia”, disse. “Finalmente o crescimento econômico tem sido colocado a serviço da sociedade.”
Mantega destacou também a redução dos juros, a desvalorização do real, que “reposiciona o Brasil na guerra cambial”, a desoneração de impostos, a futura redução das contas de energia e os projetos de infraestrutura como fatores de uma “revolução silenciosa”, que permitirão atingir um crescimento maior por um longo período.
“Naturalmente a crise da zona do euro e os problemas da economia norte-americana estão retardando os avanços da economia brasileira (…) O ano de 2012 foi difícil, começou com desaceleração da economia, mas termina com ela acelerando rumo a um outro ciclo de forte expansão e dinamismo”, concluiu.
(com agência Reuters)