A produção da indústria do Brasil caiu 0,3% na passagem de janeiro para fevereiro. Esse é o segundo resultado negativo seguido, e, com isso, o setor acumula queda de 1,8% no ano. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira, 3, pelo IBGE. O resultado veio abaixo da estimativa dos economistas, que esperavam avanço de 0,3% no período.
“Esse resultado é um movimento de devolução da alta acumulada no fim do ano passado e do desempenho homogêneo e positivo de janeiro”, analisa o economista Igor Cadilhac, do PicPay.
Na comparação com fevereiro de 2023, a produção avançou 5% e o acumulado nos últimos 12 meses ficou em 1%, intensificando o ritmo de crescimento frente aos resultados de janeiro de 2024 (0,4%) e de dezembro de 2023 (0,1%).
Na passagem de janeiro para fevereiro, somente uma das quatro grandes categorias econômicas e dez dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram redução na produção. Entre as atividades, as influências negativas mais importantes foram assinaladas por produtos químicos (-3,5%), indústrias extrativas (-0,9%) e produtos farmo-químicos e farmacêuticos (-6,0%). “A primeira elimina parte da expansão de 7,4% verificada em janeiro último. Já a segunda acumula perda de 7,8% em dois meses consecutivos de queda na produção, enquanto a última volta a recuar após crescer 16,1% no mês anterior”, explica André Macedo, gerente da pesquisa.
Segundo Rafael Perez, economista da casa de análises Suno Research, os dados mais desfavoráveis da indústria extrativa, um dos principais destaques, ajudam a explicar essa piora na indústria geral no início do ano.
Já entre as atividades que apontaram avanço na produção, veículos automotores, reboques e carrocerias (6,5%) e celulose, papel e produtos de papel (5,8%), exerceram os principais impactos positivos em fevereiro de 2024. É o terceiro mês seguido de crescimento na produção de ambas as atividades, com expansão de 14,2% e 7,8%, respectivamente. “Vale destacar também os avanços assinalados pelos ramos de produtos de minerais não metálicos (4,5%), de produtos de borracha e de material plástico (3%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,2%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,4%)”, complementa Macedo.
No recorte das grandes categorias econômicas, bens intermediários recuaram 1,2% em fevereiro em relação a janeiro, a única taxa negativa. “Foi o segundo mês seguido de queda, acumulando perda de 3,9% nesse período”, lembra o pesquisador. Já entre os crescimentos, destaque para o segmento de bens de consumo duráveis, que avançou 3,6% e apontou o crescimento mais acentuado nesse mês, após também avançar em janeiro de 2024 (1,5%) e dezembro de 2023 (6,6%). Bens de capital (1,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (0,4%) também registraram resultados positivos.