A possibilidade de um novo atraso na aprovação da reforma da Previdência por causa de uma alteração no relatório não abalou o otimismo do mercado financeiro. O Ibovespa, principal índice da bolsa de São Paulo, fechou em alta de 1,43%, a 102.044. O dólar registrou queda de 0,74%, terminando a quarta-feira, 3, vendido a 3,826 reais no câmbio comercial.
Na véspera, a bolsa caiu 0,72%, a 100.605 pontos e o dólar fechou em alta de 0,30%, a 3,855 reais na venda, influenciados pela possibilidade de retirada dos estados e municípios da reforma, que acabou se concretizando com a leitura do parecer do relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) no fechamento do mercado. Nesta quarta, conforme antecipou o Blog Radar, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) já articula para a inclusão dos entes federativos na tramitação na casa, após a aprovação da Câmara.
Segundo Carlos Thadeu, economista-chefe da Ativa Investimentos, a alta da bolsa mesmo com um possível atraso na aprovação da reforma acontece porque o mercado acredita que as novas regras para o sistema previdenciário serão aprovadas, independentemente das alterações feitas nos últimos dias. “A maior preocupação do investidor é que o corte na taxa de juros foi atrelado pelo Banco Central à aprovação da reforma”, disse.
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, o mercado brasileiro foi influenciado pelo dia positivo nas bolsas internacionais. Lá fora, as bolsas norte-americanas tiveram pregão mais curto, por causa da véspera do feriado de 4 de julho. O Dow Jones terminou em alta de 0,67%, o S&P 500 0,76% e o Nasdaq teve ganho de 0,75% com a percepção que o Federal Reserve (FED, banco central dos EUA) deve baixar a taxa de juros. O dia também foi positivo nas bolsas europeias.
De acordo como o analista, no entanto, o otimismo do investidor com a reforma da Previdência pode ser minado nos próximos dias se o relatório tiver mais desidratações ou não houver a aprovação antes do recesso parlamentar, marcado para o próximo dia 18. “O ministro (da Economia) Paulo Guedes não se pronunciou sobre o relatório, está deixando a articulação para o Rogério Marinho (secretário de Previdência) e não está falando. No primeiro relatório da comissão, a reação dele não foi tão boa. O apoio do Bolsonaro à questão das aposentadorias dos policiais também preocupa”, diz.