Na esteira do avanço do coronavírus na China e dos poucos sinais de contenção da guerra na Ucrânia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu de 4,4% para 3,6% as projeções de crescimento mundial em 2022. Em contrapartida, as perspectivas para os países exportadores de commodity, como o Brasil, foram revisadas para cima. A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é de 0,8% neste ano, acima dos 0,3% projetados no início de 2022.
O aumento nos preços no mercado de commodities gerou um contrapeso para o Brasil, que apresentou crescimento de 11,3% da inflação em março, no acúmulo de 12 meses. Considerando toda a América Latina, o relatório do FMI espera um crescimento moderado de 2,5% durante o biênio 2022-23. “O Brasil respondeu à alta da inflação aumentando a taxa básica de juro ao longo do ano passado, o que pesará sobre a demanda doméstica. Em menor grau, este também é o caso do México’’, aponta o documento. As baixas previsões para os Estados Unidos e a China também pesam sobre as perspectivas para os parceiros comerciais na América Latina.
Há um ano, no contexto anterior à Guerra na Ucrânia e com a expectativa da vacinação para levar ao fim da pandemia, a estimativa de crescimento para o Brasil era de 2,6% para o ano de 2022. Hoje, a previsão é de pouco menos de um terço do que foi projetado em abril de 2021. “Nesse momento, a projeção do FMI está em linha com a projeção feita no mercado brasileiro. Contudo, isso não é um motivo de comemoração. Países emergentes como México, Índia e África do Sul, estão com previsão de crescimento melhores que o Brasil’’, avalia Henrique Castro, professor da Escola de Economia da FGV-SP.
Para o economista, a principal variável para o país atender a expectativa de crescimento para 2022 é o controle da inflação. ‘’O ideal seria um cenário em que as incertezas com relação à guerra diminuam e que os preços de combustíveis e commodities que impactam os preços de alimentos também diminuam. Assim o Branco Central pode reduzir a taxa de juros, que, quando elevada, prejudica a recuperação econômica”, explica.