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Para De Grauwe, solução da crise europeia está no BCE

Por Fábio Alves São Paulo – A solução para a crise da zona do euro não está mais nas mãos dos governos em Berlim ou Paris, mas unicamente em Frankfurt, sede do Banco Central Europeu (BCE), segundo Paul De Grauwe, de 65 anos, professor de economia da Universidade de Leuven, na Bélgica, e analista do […]

Por Da Redação
10 nov 2011, 07h00
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  • Por Fábio Alves

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    São Paulo – A solução para a crise da zona do euro não está mais nas mãos dos governos em Berlim ou Paris, mas unicamente em Frankfurt, sede do Banco Central Europeu (BCE), segundo Paul De Grauwe, de 65 anos, professor de economia da Universidade de Leuven, na Bélgica, e analista do Centre for European Policy Studies. De Grauwe afirma estar bastante pessimista em relação à sobrevivência da zona do euro no longo prazo.

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    Segundo ele, a zona do euro entrou num ciclo vicioso, refletido na disparada dos juros dos títulos do governo italiano mesmo após o anúncio da renúncia do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, e apenas a intervenção do BCE pode interromper a escalada generalizada dos juros pagos pelos governos europeus em apuros. No longo prazo, apenas uma maior união política e de ações orçamentárias poderá reduzir a fragilidade institucional da zona do euro.

    Para ele, a renúncia do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi não resolverá os problemas políticos da Itália. “O problema da Itália é mais profundo do que Berlusconi. É positivo que o homem deixe o cargo porque ele prejudicou bastante a reputação da Itália, mas o novo governo, seja ele qual for, terá que provar que poderá fazer uma boa administração, pois o mercado ainda está muito cético quanto a isso”, segundo ele, a prova dessa desconfiança foi a disparada ontem dos juros pagos pelos títulos do governo italiano, após o anúncio da renúncia do Berlusconi.

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    Para avaliar se os políticos italianos terão mais vontade política do que Berlusconi na implementação das ações necessárias para reconquistar a confiança dos investidores, De Grauwe lembra que tais medidas de austeridade não têm levado a uma maior confiança do mercado. “Vimos isso com outros países. Quando você adota medidas de austeridade num ambiente de recessão, você não consegue reduzir o déficit orçamentário. Estamos, na realidade, num ciclo vicioso. Essa receita não funcionou com a Grécia nem com Portugal e não funcionará provavelmente com a Itália. Então, temos que lançar mão de outra estratégia. E aqui é crucial uma intervenção do Banco Central Europeu (BCE) para interromper essa escalada nas taxas de juros que alimenta esse ciclo vicioso”, explicou.

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    Solução em Frankfurt – Na opinião do professor, a solução da crise da zona do euro está em Frankfurt e não mais em Berlim ou Paris, porque estamos no meio de uma crise que está saindo do controle e porque os mercados estão entrando em pânico. “Desse modo, você acaba vendo uma profecia autorrealizável: o mercado acha que haverá um problema com a dívida italiana, então todo mundo começa a vender os papéis italianos e daí o resultado é um problema com a dívida italiana. É preciso parar isso. Lógico que no longo prazo esses países com problemas precisam reduzir seu nível de endividamento, mas as medidas de austeridade vão agravar a recessão”, disse.

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    De Grauwe vê um cenário de colapso da zona do euro como “cada vez mais provável do que no passado”. “Não porque não temos condições de atacar o problema, mas porque os líderes estão relutantes em fazê-lo”, comenta. “Primeiro, é preciso estancar a crise e só o BCE tem condições de fazer isso. Depois, no longo prazo, é preciso reduzir a fragilidade por meio de uma maior união política e orçamentária, mas isso será um processo muito difícil, porque poucos países estão dispostos em seguir essa direção, o que me faz bastante pessimista em relação à sobrevivência de longo prazo da zona do euro.”

    A solução de longo prazo envolveria, provavelmente, medidas como mudanças de tratados. De Grauwe acredita que teria de haver mudanças como, por exemplo, países transferindo soberania em áreas como o orçamento e emissão comum de títulos públicos. “Mas isso ainda é algo muito difícil”, estima.

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    De Grauwe acredita que a recessão terá um efeito devastador na zona do euro porque elevará o déficit fiscal e o nível de endividamento, o que resultará em maior pressão pelos mercados. “A Comissão Europeia, que se tornou o agente dos mercados financeiros, então colocará mais pressão sobre os países, levando ao ciclo vicioso de que falei, e até deflação. É uma situação dramática. É o fracasso total das políticas econômicas da União Europeia”, avaliou.

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