O número de domicílios com carros no Brasil quase dobrou nas duas últimas décadas: saltou de 23% para 40% do total de moradias. Ou seja, de cada 1 000 residências, 400 têm um ou mais veículos nas garagens, de acordo com estatísticas tabuladas pelo jornal O Estado de S. Paulo com base no último Censo.
As deficiências no transporte público – que recentemente desencadearam uma onda de protestos em várias partes do país – e o próprio desejo do brasileiro de ter um carro tendem a manter o mercado automobilístico aquecido nos próximos anos. Mesmo com a falta de mobilidade nas grandes cidades e o alto custo para o consumidor para manter um veículo, as montadoras apostam em vendas de cinco milhões de unidades ao ano a partir de 2017.
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No período em que o número de lares com carros cresceu 74% no Brasil, as vendas de veículos novos quase quintuplicaram. Saíram de 712 700 unidades, em 1990, para 3,5 milhões, em 2010. Neste ano, devem atingir o recorde de quase 3,9 milhões de unidades. “No Brasil, o carro ainda é um símbolo de status e a deficiência do transporte público é um fator que incentiva a compra”, diz a sócia da Prada Assessoria, Leticia Costa, especialista nos negócios da indústria automobilística.
EUA – Nos Estados Unidos, há um movimento oposto. No início dos anos 90, 5,7% dos lares não tinham automóveis, porcentual que subiu para 9,3% no ano passado e deve chegar a 10% este ano, segundo a consultoria americana CNW Marketing.
O Brasil tem atualmente 5,5 habitantes por veículo, enquanto nos EUA a razão é de 1,6 e, na Europa, de 1,9. “Os EUA são o país com a maior penetração de veículos por habitante do mundo, com muito pouco espaço para crescimento, enquanto o Brasil ainda pode crescer”, afirma Leticia.
As áreas rurais e cidades menores são as que mais devem ampliar o volume de carros em circulação, acrescenta o consultor sênior da A.T. Kearney, David Wong. Em metrópoles como São Paulo, a proporção de habitantes por veículo já se aproxima dos índices americano e europeu.
(Com Estadão Conteúdo)