Um dia após desmarcar sua ida à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para debater a reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participou de audiência no Senado para discutir a situação financeira dos estados. Guedes, porém, abriu a sua fala defendendo o projeto de alterações nas aposentadorias, que está em tramitação na Câmara. “Não aprovar a reforma agora é condenar nossos filhos e netos”, disse o ministro nesta quarta-feira, 27, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Essa foi a primeira vez que Guedes foi até o Congresso conversar com parlamentares desde que assumiu o ministério. Porém, em sua explanação inicial, ele não comentou sobre as tensões recentes entre governos e parlamentares.
Guedes afirmou que o sistema previdenciário brasileiro é insustentável e está quebrando antes mesmo de o país envelhecer. “Hoje, 10% a 11% da população é idosa e o sistema já está no limite. A pirâmide etária do Brasil está mudando e, por isso, a Previdência é fundamental.”
O ministro, no entanto, disse que a responsabilidade de aprovar mudanças na Previdência está com o Congresso. “Falamos em uma reforma com potência fiscal, com economia de mais de 1 trilhão de reais. Pode até ser menos, mas aí não é possível fazer o sistema de capitalização e empurramos nossos filhos e netos para o sistema atual, que é insustentável. A bola está com o Congresso.”
Segundo Guedes, reformar a Previdência é fundamental para que logo depois se possa discutir o pacto federativo, demanda antiga de estados e municípios. “A classe política tem duas escolhas: ou discutir a reforma da Previdência por mais de um ano e agravar a situação dos estados, ou então fazer isso dentro dos dois, três, quatro meses e aí possamos discutir o pacto federativo”, afirmou.
De acordo com o ministro, há uma agenda econômica pela frente que é positiva “para todos, inclusive para a oposição”. “Os leilões de petróleo serão um sucesso. Está ocorrendo ágio para aeroportos. Há uma agenda positiva que é boa para todo mundo e ela vai ser alcançada se trabalharmos direito.”
Além do pacto federativo, a conversa de Guedes com os senadores discute a Lei Kandir, que isenta do pagamento de ICMS as exportações de produtos primários e semielaborados.