As mulheres brasileiras ainda trabalham quase o dobro de horas que os homens nos afazeres domésticos e cuidados de parentes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto as mulheres dedicaram, em média, 21,3 horas semanais a estes afazeres, os homens só empenharam 10,9 horas. Os dados são da publicação “Outras Formas de Trabalho 2018”, com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo IBGE.
Se somadas as jornadas de trabalho mais as tarefas domésticas e cuidado de pessoas, as mulheres trabalharam 3,1 horas a mais do que os homens. Elas somam 53,3 horas semanais de trabalho, enquanto eles trabalham 50,2 horas semanais.
“Observando os últimos três anos, houve um crescimento da participação masculina no trabalho doméstico, porém, as mulheres continuam sendo maioria e dedicam mais horas mesmo em situações ocupacionais idênticas a dos homens. Isso revela uma realidade distante na equiparação de tarefas no domicílio”, afirma a analista da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.
Segundo a pesquisa, estima-se que 87% da população com 14 anos ou mais realiza afazeres domésticos e/ou cuidado de moradores ou de parentes, o que representa 147,5 milhões de pessoas. Essa incidência era maior entre as mulheres, 93%, do que entre os homens, 80,4%.
“A taxa de participação dos homens até vem caminhando um pouco no sentido de melhorar, mas ainda é um problema estrutural no nosso país”, afirma Marina Aguas, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O órgão mediu ainda o trabalho voluntário, que teve ligeira redução na adesão em relação a 2017. Entre as pessoas com 14 anos ou mais, 7,2 milhões, ou 4,3%, fizeram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa, ante uma participação de 4,4% no ano anterior. O tempo médio dedicado ao trabalho voluntário era de 6,5 horas semanais no ano passado. Do total de voluntários, 48,4% realizavam o voluntariado quatro ou mais vezes por mês, enquanto 15,6% o faziam apenas eventualmente ou sem frequência definida.
Produção para o consumo próprio
Outro tipo de trabalho medido pela pesquisa foi a produção para o próprio consumo, realizada por 13 milhões de pessoas em idade de trabalhar no ano de 2018, o equivalente a 7,7% da população nessa faixa etária. Houve aumento na proporção de pessoas produzindo para si mesmas em relação a 2017, quando era de 7,3%, e a 2016 (6,3%).
A adesão ao trabalho para o próprio consumo era maior entre os homens (8,4% deles), entre pessoas não ocupadas (8,7% da população sem trabalho) e entre os brasileiros menos escolarizados (13,2% das pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto).
A maior parte dos que produzem para o próprio consumo (76,7%) realiza cultivo de alimentos, pesca, caça e criação de animais.
(Com Estadão Conteúdo)