Analistas do mercado financeiro reduziram, mais uma vez, a previsão para a economia brasileira em 2020. O Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 deve contrair -1.96% de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 13, pelo Banco Central. Esta é a nona vez consecutiva que os especialistas revisam para baixo o crescimento econômico e a terceira em que há expectativa de recessão. Na semana passada, a estimativa era de contração de 1,18% ao final de 2020.
No início do ano, quando a pandemia do coronavírus estava concentrada na China e não se sabia o certo quando e como chegaria ao Brasil, os especialistas estimavam crescimento do PIB casa dos 2,3%. A recessão do PIB brasileiro não ocorre desde 2016, ano do impeachment de Dilma Rousseff, quando a economia caiu 3,3%. Nos últimos três anos, o crescimento tem sido na casa de 1%, sendo 1,3% em 2017 e 2018 e 1,1% no ano passado. A projeção do mercado financeiro é menos pessimista que a expectativa do Banco Mundial, que prevê contração de 5% na economia brasileira para este ano.
Os desafios provocados pela pandemia de coronavírus e as medidas necessárias para evitar sua propagação, como o distanciamento social e fechamento de setores não essenciais — seguindo recomendação de autoridades de saúde, como a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) –, causam impactos nas economias mundiais já impactam a brasileira. Para tentar mitigar os danos, o governo começou a pagar o auxílio emergencial de 600 reais a trabalhadores informais, conhecido como coronavoucher, e liberou mais uma movimentação extra no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a partir de junho.
Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde divulgados no domingo, 1.223 pessoas já morreram no Brasil em decorrência da Covid-19, nome da doença causada pelo novo coronavírus. Ao todo, 22.169 casos foram confirmados no país.
Inflação
Além da revisão para o PIB, os analistas ouvidos pelo Banco Central também reduziram as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA , que mede a inflação oficial no país. Com menos demanda de produtos, os preços tendem a não acelerar tanto. A previsão para o indicador saiu de 2,72% para 2,52% no ano. O valor está abaixo da meta estabelecida de 4% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) mas dentro da margem de erro estabelecida, que é de meio ponto porcentual para mais ou para menos.
Economistas mantiveram a projeção para a taxa básica de juros, a Selic, em 3,25%. Em março, o Banco Central já fez um corte na Selic para tentar mitigar os danos causados pelo novo coronavírus, passando de 4,25% para 3,75%. A próxima decisão sobre a taxa de juros está marcada para o dia 6 de maio.
A projeção para o dólar subiu de 4,50 reais para 4,60 reais ao fim do ano. A estimativa está aquém do fechamento do mercado financeiro na semana passada, quando a venda da moeda americana terminou a semana cotada a 5,09 reais.