Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Mendonça de Barros: escapar da recessão não melhora cenário de emprego

Qual o reflexo para a sociedade de o PIB não trazer recessão? Nenhum, os números mostram que a recuperação é insuficiente para mudar o mercado de trabalho

Por Luiz Carlos Mendonça de Barros
29 ago 2019, 11h12
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Luiz Carlos Mendonça de Barros
    O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros analisa o desempenho da economia brasileira no segundo trimestre de 2019 (Eduardo Knapp/Folha Imagem/VEJA)

    Os números do PIB para o segundo trimestre, divulgados nesta quinta-feira, 29, pelo IBGE, respondem a uma indagação que permeou nestas últimas semanas: voltamos ou não a uma recessão econômica nestes primeiros sete meses do governo Bolsonaro?

    Por uma questão de metodologia internacional, uma economia de mercado é considerada em recessão quando o crescimento de seu PIB fica negativo por dois trimestres sucessivos. E como o IBGE divulgou um crescimento negativo para os meses de janeiro a março deste ano, seria o número relativo ao período abril a junho que responderia a esta demanda.

    Com o crescimento de 0,4% no segundo trimestre reportado pelo IBGE, o Brasil escapa da recessão, mantendo a frágil recuperação econômica que se iniciou nos primeiros meses do mandato oficial do ex-presidente Michel Temer. Mas quais os reflexos para a sociedade brasileira de termos escapado da volta da recessão? Praticamente nenhum, pois os números apenas mostram que a intensidade da recuperação continua insuficiente para mudar as condições do mercado de trabalho. Continuaremos com cerca de 20 milhões de trabalhadores desempregados, ou fazendo bicos informais, e uma massa salarial também estagnada.

    Considerado o período de janeiro a junho deste ano tivemos crescimento positivo de 0,7%, quando comparado com o mesmo período do ano passado. Segundo as previsões dos analistas, deve ser este também o crescimento para o ano de 2019 como um todo. Completaremos, portanto, três anos com crescimento econômico de cerca de 1% ao ano, depois que superamos o período de PIB negativo entre 2015 e 2017. Mas crescimento econômico de 1% ao ano representa no Brasil uma queda do PIB per capita, ou seja, uma redução real da riqueza da sociedade.

    Continua após a publicidade

    O gráfico abaixo mostra o efeito que o crescimento do PIB abaixo da taxa de aumento da população tem sobre o chamado coeficiente de Gini, que é a medida standard para acompanhar a distribuição de renda de uma sociedade como a nossa.

    índice de Gini
    (Reprodução/VEJA)

    Para ter uma ideia da fraqueza do nível da atividade econômica nestes seis meses do governo de Jair Bolsonaro, basta dizer que, mesmo assumindo-se uma aceleração do crescimento nos próximos anos como esperam os analistas, somente voltaremos a recuperar os níveis de atividade de antes da crise apenas muitos semestres à frente, como mostra a tabela abaixo.

    Continua após a publicidade

    Poucas vezes em nossa história, o Brasil apresentou uma queda tão duradoura da atividade econômica, como nesta combinação de três mandatos presidenciais de agora. Os ganhos na redução da desigualdade ficaram para trás e teremos ainda muito trabalho à frente para recuperar a saúde de nossa economia e o bem estar do cidadão. 


    Luiz Carlos Mendonça de Barros é engenheiro e economista, foi ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de 1995 a 1998, e ex-ministro das Comunicações, em 1998.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

    a partir de 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.