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Marcelo Giufrida: Como a alta de Selic pode impactar seu dinheiro

Sinalização de subida gradual da taxa de juros fará com que investidor deva rebalancear suas aplicações

Por Marcelo Giufrida
10 fev 2021, 10h00
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  • O Banco Central avisou: pode ser em março, no máximo em maio, mas a Selic de 2% ao ano vai passar a ser memória. E isso vai demandar ao investidor repensar seus investimentos.

    Primeiramente, elogios ao BC. Já está na hora de voltar ao normal na política monetária. A inflação está alta, a expectativa está subindo e a economia lida com outros efeitos colaterais dos juros ultra baixos: câmbio desvalorizado e taxas de juros de longo prazo (10 anos) acima de 7%, ambos oscilando bem acima da média histórica.

    Como a meta de inflação de longo prazo é de 3,5% e o juro real também de longo prazo está em cerca de 2,5% ao ano, uma Selic neutra seria algo da ordem de 6% ao ano. Assim, o horizonte é de uma alta gradual, talvez dividida em duas etapas, e é provável que até o final de 2022 esse processo já esteja concluído. E isso vai mudar o cenário das aplicações financeiras.

    Uma maneira de projetar o efeito desse movimento nos investimentos é avaliar o que mudou durante a trajetória que levou a Selic a 2%. E daí imaginar como seria esse filme passando no sentido inverso.

    Giufrida
    Marcelo Giufrida, é CEO da Garde Asset Management e ex-presidente da Anbima (Divulgação/Divulgação)
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    O que observamos foi um forte movimento de migração para ações, investimentos em dólar e o resgate dos fundos de renda fixa, particularmente daqueles que investem em crédito privado. Permaneceram populares os fundos multimercados e o fundos DI. Esses fluxos são o resultado de vários efeitos: a natural busca por aplicações mais rentáveis, no contexto de uma ida sem escalas ao segmento de maior risco, pulando um período de natural adaptação em produtos intermediários. Compreensível, pois na média estes não responderam bem em termos de retorno durante a pandemia. 

    Em outras palavras, o investidor se concentrou nos extremos, na segurança da liquidez mesmo com retorno baixo, ou na montanha russa da renda variável, que trouxe adrenalina e ainda por cima rendeu mais. Sem falar em alternativas como o renascido ouro e o petulante bitcoin, que se mantiveram na moda.

    Imaginando uma Selic gradualmente mais alta, será natural uma volta aos produtos mais tradicionais, pois a volatilidade não foi eliminada e ações, ouro, dólar e demais ativos de renda variável oscilam, e será novamente tentador manter uma parte do dinheiro com rentabilidade assegurada quando esses momentos se apresentarem.

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    Não acho que será um movimento de ressaca: há anos, o Brasil vem obtendo progresso na gestão de sua dívida, e acredito que o cenário básico não seja uma volta aos juros de dois dígitos, a menos que Brasília entre em parafuso. 

    Assim, a experiência e o aprendizado dos investidores nesse processo de aplicar em alternativas mais rentáveis vai se enriquecer ao passar por uma reacomodação geral, ajudando a cada um encontrar seu mix ideal de investimentos. Em suma, a adrenalina está garantida. Aperte o cinto de segurança e boa viagem!

    * Marcelo Giufrida é CEO da Garde Asset Management e ex-presidente da Anbima

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