A expectativa da Câmara dos Deputados de aprovar a reforma da Previdência em 2018 não é a mesma do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e do seu futuro ministro da economia, Paulo Guedes. O novo mandatário disse que pretende aprovar uma parte da reforma, aquela enviada pelo governo Michel Temer, ainda neste ano. Mas líderes das bancadas partidárias da Câmara avaliam como baixa a possibilidade de a Casa aprovar qualquer mudança nas aposentadorias ainda neste ano.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), evitou dar prazos e comentar se é possível ou não aprovar a Reforma da Previdência na Casa ainda neste ano. O democrata que deve concorrer à presidência da Câmara novamente no próximo ano disse não querer gerar nenhum tipo de “expectativa equivocada”, em torno do assunto devido à sua importância. “Compreendemos que a reforma da Previdência já deveria ter sido feita”, afirmou.
Ele disse que abrir um prazo para votação agora seria cometer o mesmo erro que foi cometido no ano passado quando não havia base para aprovar o projeto. “Não é uma articulação simples, devemos ter paciência”, disse. Maia acredita que a reforma deve ser ampliada e abranger temas dentro da Previdência que foram deixados de lado ao longo das discussões. “Hoje o que está colocado é apenas uma discussão do estoque de regra de transição e de regra de idade mínima. No futuro, vai ter de centrar em outras discussões”, afirmou.
Segundo os líderes, o calendário apertado, a complexidade da matéria e o acúmulo de outras propostas essenciais na pauta devem impedir o avanço do tema ainda nesta legislatura. “Vai exigir um esforço conjunto muito grande para isso poder acontecer”, disse o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
O líder do PPS, deputado reeleito Alex Manente (SP), diz que não há “condições de se votar a reforma da Previdência na Câmara ainda neste ano”.
Para ele, não há possibilidade nem de se passar um texto reduzido ou com alterações sobre a proposta. “Se ficou empatado até agora não vai passar e ser for um texto muito reduzido não resolve o problema da Previdência”, afirmou o líder do partido que elegeu oito deputados federais e dois senadores neste ano.
O líder do PT na Casa, Paulo Pimenta (RS), também não acha possível passar o projeto neste ano.
Bolsonaro disse ontem em entrevistas de TV que pretende aprovar uma parte da reforma de Michel Temer, que já começou a tramitar no Congresso, ainda neste ano. “Na semana que vem, estaremos em Brasília para um encontro com Temer. Se der para aprovar alguma coisa da reforma da Previdência, o todo ou parte, evitaria um problema para o futuro governo”, disse ele em entrevista para a RecordTV.
A declaração do presidente eleito vai na contramão do que tem dito o seu futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que descarta seguir com a reforma previdenciária proposta por Temer.
Mas Guedes desautorizou o futuro ministro da Casa Civil a falar de economia. “Houve gente do próprio futuro governo falando que não tem pressa de fazer reforma da Previdência. O jornalista que fez a pergunta está dizendo que o Onyx, que é coordenador político, falou de banda cambial. Ao mesmo tempo, está dizendo que o Onyx falou que não tem pressa na Previdência. Aí o mercado cai. Estão assustados por quê? É um político falando de economia. É a mesma coisa do que eu sair falando de política. Não dá certo, né?”, afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)