O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou no fim da tarde desta segunda-feira, 28, que motoristas autônomos que querem voltar a trabalhar estão sendo ameaçados de “forma violenta por forças ocultas” que impedem o fim da greve.
Fonseca disse que descobriu a intervenção dos piqueteiros hoje, quando as paralisações nas estradas começaram a ser desmobilizadas. Ele disse que a Abcam está levantando os nomes das pessoas que estão ameaçando os caminhoneiros, e levará uma lista para o governo tomar providências.
“São pessoas que querem derrubar o governo”, afirmou Fonseca, sem citar nomes ou grupos políticos aos quais essas pessoas estariam ligadas. “Estão usando o caminhoneiro como bode expiatório, não vamos aceitar isso”, afirmou durante coletiva de imprensa em Brasília.
O presidente da Abcam disse que as medidas negociadas com o governo – entre elas a redução do preço do diesel nas bombas por 60 dias e o fim do pedágio para eixos suspensos – resolveram “tranquilamente” os problemas da categoria. E que agora a equipe econômica do governo terá de fazer “das tripas coração” para que os prometidos 0,46 centavos de desconto no diesel cheguem às bombas. “Esperamos que o governo cumpra com o prometido. Não queremos mais incendiar o país, fazer nova paralisação sem necessidade”, disse.
De acordo com a Abcam, cerca de 30% dos caminhoneiros autônomos ainda precisam ser desmobilizados em todo o país, o equivalente a 250.000 veículos. Segundo Fonseca, os pontos mais preocupantes neste momento são Vila Carioca, no Rio de Janeiro, onde se concentram refinarias da Petrobras, e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, sede de diversas montadoras de veículos. “Caminhões ainda estão sendo impedidos de circular por ali, o que dificulta a produção.”
No fim de semana, após o presidente Michel Temer acionar as forças federais para desobstruir as rodovias, a Abcam passou a recomendar que os motoristas suspendessem as interdições, mas mantivessem as manifestações de forma pacífica, sem bloqueio de vias.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse hoje que existe ‘infiltração’ política dentro do movimento grevista dos caminhoneiros. Na avaliação do governo, os infiltrados estão dificultando o encerramento da greve, que entrou no oitavo dia de paralisação com prejuízos à população – desabastecimento de combustível, alimentos e insumos.
“Vamos fazer de tudo para que os infiltrados sejam retirados e, dessa forma, os caminhoneiros possam voltar ao trabalho”, afirmou.