Diante do impasse entre Senado e Câmara sobre a votação do veto do Planalto ao reajuste do Judiciário, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu na manhã desta quarta-feira com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ao término do encontro, Levy afirmou que “cada veto mantido é um imposto a menos para a gente pagar”. A votação estava marcada para a manhã desta quarta, mas foi adiada depois de uma manobra do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Por não ter recebido de Renan garantias de que o Congresso colocaria em pauta o recente veto da presidente Dilma Rousseff ao financiamento privado de campanhas, Cunha convocou uma sessão deliberativa extraordinária para o mesmo horário da sessão do Congresso.
Ao deixar o gabinete do presidente do Senado, Levy reforçou a importância da manutenção do veto. Segundo ele, o valor economizado com os vetos equivale ao que seria arrecadado com duas CPMFs. “É muito dinheiro que precisamos deixar de gastar nesse momento”, afirmou.
Se o Congresso de fato não apreciar os vetos, o Palácio do Planalto, que tenta acenar ao mercado financeiro que não vai permitir a criação de novas fontes de despesa em tempos de ajuste fiscal, sofreria um novo revés. Em julho, a presidente decidiu vetar o reajuste de servidores do Judiciário com a alegação de que o impacto da ampliação de salários bateria de frente com o esforço fiscal encampado pelo governo.
Aprovado pelo Congresso em junho, o aumento acarretaria gastos adicionais de 25,7 bilhões de reais nos próximos quatro anos, passando depois para um impacto de 10 bilhões de reais ao ano, de acordo com estimativas do Ministério do Planejamento. A indefinição sobre a manutenção ou não deste veto tem trazido instabilidade no mercado, que interpreta que o Planalto não tem ingerência suficiente sobre a base aliada no Congresso.
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