Afundada em denúncias de corrupção e enfraquecida financeiramente por causa da defasagem dos preços da gasolina, a Petrobras liderou a queda do volume de investimentos das empresas estatais neste ano. De janeiro a agosto, o conjunto de empresas controladas pelo governo federal investiu 59,9 bilhões de reais, segundo dados do Ministério do Planejamento. É uma retração de 8,8% na comparação com igual período de 2013, sem levar em conta os efeitos da inflação. Em termos reais, a redução chega a 14%, segundo cálculos da organização não governamental Contas Abertas.
“A ingerência política, congelando o preço dos combustíveis e reduzindo as tarifas de energia, e, no caso específico da Petrobras, a corrupção, certamente vem prejudicando os investimentos”, avalia o secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castello Branco. “Os gestores, mesmo os honestos, passam a ter receio de tomar decisões quando suspeitas tão graves pairam sobre a empresa”, acrescentou.
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Governo – Consultado, o Ministério do Planejamento negou influência das denúncias ou da defasagem de preço da gasolina no desempenho da petroleira. “O plano de negócios e gestão da empresa segue normalmente”, afirmou a pasta. “A queda se deve ao fato de que diversos projetos de grande porte já se encontram adiantados ou próximos de seu término.”
Como exemplo, citou a refinaria Abreu e Lima, onde os investimentos foram cortados em 3,1 bilhões de reais. Esse é um empreendimento onde teria atuado o esquema de desvio de recursos investigado pela Operação Lava Jato. No programa de modernização de refinarias, a redução foi de 5,5 bilhões de reais.
A retração também foi verificada em outras empresas, como a Eletrobras e a Infraero. A holding do setor elétrico investiu 3,4 bilhões de reais neste ano até o mês de agosto – redução nominal de 3% sobre igual período do ano passado. As companhias Docas, que cuidam dos portos, também puseram o pé no freio, com desembolsos de 183,9 milhões de reais, ante 250,1 milhões de reais no ano passado, em termos nominais.
De acordo com o Contas Abertas, a estimativa é que o conjunto das 69 empresas estatais invistam 105,8 bilhões de reais até o fim deste ano. Se o dado for confirmado, os gastos terão sido menores do que os do ano passado, quando atingiram 118,6 bilhões de reais.
(Com Estadão Conteúdo)