A forte onda de aversão ao risco que persiste nos mercados internacionais devido aos novos sinais de desaceleração econômica na China e a redução dos estímulos monetários dos Estados Unidos fez com que a Bolsa de Valores de São Paulo tivesse o pior desempenho desde julho do ano passado e o dólar atingisse a maior cotação em seis meses ante o real, nesta segunda-feira.
O Ibovespa encerrou o pregão com forte queda de 3,13%, a 46.147 pontos, o nível mais baixo desde 12 de julho, quando o índice recuou 2,34%, para 45.533 pontos. O dólar, por sua vez, subiu 1,02%, para 2,437 reais, o maior patamar desde 21 de agosto. Na ocasião, a divisa norte-americana registrou alta de 2,38%, para 2,4512 reais.
A divulgação de dados econômicos mais fracos na China intensificaram as preocupações com os mercados emergentes, sobretudo o Brasil, um dos principais parceiros comerciais do país asiático. Nesta segunda-feira, a Agência Nacional de Estatística da China informou que o índice que avalia o crescimento do setor de serviços do país caiu para 53,4 pontos em janeiro ante 54,6 pontos no mês anterior, o menor resultado em cinco meses.
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Ao mesmo tempo, a retirada do programa de estímulos monetários do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que diminui a oferta de dólares nos mercados globais, e a expectativa de elevação da taxa de juros norte-americana, atualmente na mínima recorde de 0,25% ao ano, também ajudaram a arrefecer o apetite de investidores por ativos de maior risco, prejudicando a entrada e saída de capital em economias mais fragilizadas, como o Brasil.
Cenário Interno – A falta de confiança de investidores estrangeiros com a economia brasileira, em meio a deterioração do cenário fiscal e a expectativa de rebaixamento do rating do país, é outro importante fator que contribuiu para o desempenho anêmico da BM&FBovespa e para a forte desvalorização do real, nesta segunda-feira. Somente em janeiro, o Brasil registrou déficit balança comercial do país de 4,057 bilhões de dólares em janeiro, após o superávit primário ficar em apenas 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), o pior resultado em doze anos.
“A menor liquidez nos mercados internacionais, aliada a desaceleração do crescimento da China e as expectativas de redução dos estímulos norte-americanos, acabaram trazendo a tona uma série de debilidades das economias emergentes”, afirmou o analista da XP Investimentos, William Castro Alves. “No caso do Brasil, mais nitidamente, este cenário expõe duas fragilidades. Uma delas é a questão fiscal. A outra é a credibilidade dos agentes do mercado nas nossas condições de políticas econômicas”, acrescentou.